O anúncio da chegada de um novo membro ao lar costuma trazer grandes expectativas e emoções para toda a família. Afinal, depois do nascimento da nova vida, nada mais será como antes. Desta forma, os preparativos para receber o pequenino devem começar o quanto antes, para que tudo esteja pronto quando o grande dia chegar. Ninguém deseja isso, mas infelizmente pode ocorrer de esse dia vir antes do planejado, e o bebê nascer prematuramente.

O dia 17 de novembro é o Dia Mundial da Prematuridade, e o mês é dedicado à sensibilização quanto a essa intercorrência que pode afetar os bebês, sendo por isso chamado de Novembro Roxo.

O mais recente estudo divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) revela que 15 milhões de bebês nascem antes do tempo por ano no mundo. São consideradas prematuras as crianças que nascem antes de completar 37 semanas.

Afecções maternas, como infecção urinária, vulvovaginite, Doença Hipertensiva Específica da Gravidez (DHEG), descolamento prematura de placenta, diabetes, disfunções da tireoide, trombofilia, infecções congênitas (sífilis, citomegalovírus, toxoplasmose, HIV), alcoolismo e dependência química são as decorrências mais frequentes do nascimento prematuro. Graças aos atuais recursos da medicina, hoje em dia é possível retardar o nascimento da criança ou, no mínimo, prever o caso de nascimento prematuro. No entanto, isso não significa que não haja risco tanto para o bebê quanto para a mãe.

Desta forma, é muito importante que a mãe receba os cuidados médicos necessários e acompanhamento psicológico. Pelo fato de a internação do bebê muitas vezes ser prolongada, esse suporte psicológico será fundamental para a minimização de consequências nocivas, como estresse excessivo e ansiedade.

De acordo com Marcelle Passarinho, psicóloga da Intensicare, empresa que faz a gestão das UTIs do Hospital Regional de Santa Maria, é muito comum entre os casos de nascimentos antes da hora que haja impacto emocional para as mães. “Visualmente, é um bebê mais magro, menor do que o normal, e isso pode trazer um choque às mães. Assim, é comum o sentimento de culpa, como se elas pudessem ter evitado a prematuridade”, explica a profissional, que atua nas UTIs pediátrica e neonatal.

O bebê prematuro normalmente é separado da mãe, ficando sob os cuidados de uma equipe neonatal. Mas isso pode trazer ansiedade, angústia. E a mãe não é a única pessoa a ficar suscetível a algum tipo de transtorno. “Os pais também são atendidos pela equipe de psicólogos, e isso é muito importante. Sobretudo, tendo em vista que uma hospitalização tende a aflorar conflitos pré-existentes, inclusive no que diz respeito à relação homem e mulher”, alerta.

Quando o casal já tem outros filhos, o cuidado deve ser estendido a eles. A chegada de um irmão, sobretudo em situação de internação, pode acarretar a somatização de doenças, dificuldades na escola.

A pediatra Mirian Limeira Mena Barreto, da UTI neonatal do Hospital Regional de Santa Maria, no Distrito Federal, chama a atenção para a importância do aleitamento materno. Ela explica que, por se tratar do mais completo alimento para o bebê, é indispensável que ele seja ministrado o mais cedo possível ao recém-nascido, ou seja, tão logo o bebê tenha condições de recebê-lo.

Ela defende ainda a transparência absoluta na relação entre os componentes da equipe multidisciplinar e os pais da criança. Segundo ela, é fundamental que os pais sejam informados do quadro clínico e da evolução do filho desde o primeiro momento e sejam incentivados a manterem o máximo contato com a criança. “O afeto e a presença constante dos pais fazem parte do tratamento e se constituem em importante elemento para uma evolução favorável”, explica.

Dicas para os familiares

· Dentro do possível, a mãe precisa dormir. Um sono de qualidade poderá reduzir os sintomas de estresse e manter a produção do leite, o que facilitará a ordenha materna.

· É necessário um bom acompanhamento psicológico para evitar o distresse e outros transtornos frequentes em mães cujos bebês necessitem de internações prolongadas.

· A família deve apoiar e dar suporte à mãe.

· É importante introduzir o recém-nascido no contexto da família e explicar às demais crianças do casal o motivo da ausência da mãe ou do pai quando estiverem no hospital.

· A tendência é que os filhos mais velhos sintam a ausência da mãe e não compreendam a demora na chegada do bebê em casa. Por isso é importante que eles sejam levados para visitar o irmãozinho que chegou.

· Deve ser estabelecido o melhor vínculo entre mãe, família e equipe de saúde.

· Além das vantagens nutricionais e imunológicas do leite humano, a amamentação é importante para fortalecer o vínculo mãe-bebê, desenvolver o apego, o contato visual, o toque e o afeto.

· A amamentação fortalecerá a relação mãe e filho e trará consequências positivas para o bebê, tanto emocionais quanto no crescimento e desenvolvimento.

· A família deve ficar atenta a sintomas emocionais e transtornos psiquiátricos específicos que a mãe possa apresentar no pós-parto. Nesse caso, o profissional de saúde mental deve ser contatado com brevidade.

Recém-nascidos prematuros são classificados da seguinte maneira:

· Prematuro extremo: que nascem com menos de 28 semanas;

· Muito prematuro: nascidos entre 28 e abaixo de 32 semanas;

· Prematuros moderados: nascidos entre 32 semanas e 34 semanas;

· Prematuro tardio: nascidos entre 34 e 37 semanas.

Ascom Intensicare