A Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC) promove diversas atrações em homenagem ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e o Dia Nacional de Tereza de Benguela, ambas datas comemorativas em 25 de julho.

 

Nesse dia, a Coordenação de Promoção da Igualdade Racial realiza a cerimônia de entrega do Prêmio Luiza Mahin, que todos os anos homenageia sete mulheres negras que se destacaram em diferentes campos de atuação. O evento será na Praça das Artes (Avenida São João, 281), no Centro Histórico de São Paulo, e inclui uma apresentação de Samba de Dandara, manifestação artística que remete à mulher negra e guerreira, referência na luta contra a escravização.

 

A secretária executiva de Promoção da Igualdade Racial Elisa Lucas Rodrigues ressalta a importância de se destacar o papel da mulher negra e de políticas públicas inclusivas na sociedade, ao se referir ao prêmio Luiza Mahin. “Nós, mulheres negras queremos a inclusão da população negra no mercado de trabalho, nas escolas, nos parlamentos, enfim, em todos os espaços da sociedade”.

 

Martha de Oliveira Braga foi uma das homenageadas pelo Prêmio Luiza Mahin, edição de 2021. Oficial de Justiça aposentada pelo Tribunal de Justiça Criminal de São Paulo, ela preside a Associação Aristocrata Clube, fundada há 62 anos por 50 esportistas pretos que em sua maioria sofreram discriminação racial em clubes que não permitiam a participação.

 

“Às vezes, as pessoas dizem ‘os negros são um pouco arrogantes’. Mas não é arrogância. É querer conquistar espaço. É querer estar ali e ser reconhecido. Eu fui chamada muitas vezes de arrogante por causa disso. Por não permitir que as pessoas tripudiassem, ou fizessem qualquer gracinha a respeito daquilo que somos”. (Assista no vídeo o depoimento integral de Martha)

 

A Coordenação de Políticas para Mulheres também programou atividades para o Dia Internacional da Mulher Latino-Americana e Caribenha e o Dia Nacional Tereza de Benguela. Desde 19 de julho até 31 deste mês, nos Centros de Referência da Mulher (CRM), Centros de Cidadania da Mulher (CCM) e na Casa da Mulher Brasileira, equipamentos de atendimento, proteção e promoção da mulher, promovem jornadas de reflexão, com diferentes temas de debate sobre a importância e o papel da mulher negra na sociedade brasileira, e relacionados à luta por sua afirmação e direitos (veja a programação no final do texto).

 

Quem foi Luiza Mahin

Segundo relatos de Luiz Gama, em carta com detalhes biográficos dirigida ao escritor e jornalista carioca Lúcio de Mendonça, Luiza Mahin era uma escravizada africana, provavelmente originária da Costa da Mina, golfo da Guiné, que teria conseguido comprar sua liberdade e organizado diversos levantes de escravizados que sacudiram a Província da Bahia nas primeiras décadas do século XIX.

 

De seu tabuleiro, enviava mensagens por meio de meninos que pretensamente compravam seus quitutes e distribuíam por eles orientações para levantes históricos, como a Revolta dos Malês (1835) e a Sabinada (1837-1838). Perseguida, foi para o Rio de Janeiro, onde teria sido presa e deportada para Angola. Em outra versão, escaparia para o Maranhão, Estado em que lhe é atribuída participação no desenvolvimento no Tambor de Crioula, uma dança típica de origem africana. De acordo com historiadores, Luiz Gama daria a entender que Luiza Mahin era a sua mãe.

 

Tereza de Benguela

 

Revolucionária brasileira, Tereza de Benguela viveu no século XVIII e se tornou líder do Quilombo do Piolho, também conhecido como Quilombo do Quariterê, localizado na fronteira entre Mato Grosso e a Bolívia, sucedendo ao companheiro José Piolho, assassinado por soldados do Estado. No Quilombo, povoado por negros e indígenas, era chamada de “Rainha Tereza”.

O Quilombo resistiu até 1770, quando foi destruído pelas forças de Luís Pinto Coutinho, governador da Província de Mato Grosso (1769-1804). A estrutura política, administrativa e econômica do quilombo foi comandada por Tereza de Benguela até a sua morte, por volta de 1770. Segundo versões, ela teria se suicidado ou sido morta quando capturada por bandeirantes a mando da capitania, tendo sua cabeça exposta no centro do Quilombo.

O sistema de governo no quilombo se assemelhava ao parlamentarista e as decisões eram assumidas em grupo. O Quilombo do Quariterê vivia do cultivo de produtos agrícolas, como o algodão, milho, feijão, mandioca e banana, e da venda dos excedentes.

 

A origem das datas

 

O Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha foi instituído em 1992, pela Organização das Nações Unidas (ONU), por iniciativa de um encontro de mulheres negras em Santo Domingo, República Dominicana. Foram elas que definiram o dia 25 de julho para homenagear a luta contra a opressão de gênero e raça. Já o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra foi criado pela Lei 12.897/2014, como marco da luta contra o racismo e pela criação de oportunidades.

Os indicadores revelam profundas desigualdades entre brancos e negros no Brasil e no continente latino-americano. Apesar de a população negra ser a maioria em nosso país, 54%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres negras competem em condições desfavoráveis, como indica o Instituto de Pesquisas Aplicadas (IPEA), segundo o qual as mulheres brancas recebem 70% a mais de remuneração do que as mulheres negras.

 

SERVIÇO

Cerimônia de entrega do Prêmio Luiza Mahin Edição 2023

Programação:

11h30 – Recepção

12h – Show de samba de Dandara e brunch

13h – Cerimônia

Data: 25/07/2023

Local: Praça das Artes, Av. São João, 281, sala Conservatório

 

As homenageadas da edição 2023 do Prêmio Luiza Mahin

 

Marielen Silva Albuquerque, médica veterinária e cofundadora do Coletivo AFROVET, voltado para as pessoas pretas da medicina veterinária, principalmente, mulheres;

 

Ana Cristina de Souza, assistente social, coordenadora de Políticas para Mulheres da Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania, 13 anos de atendimento a mulheres em situação de violência;

 

Geralda Marfisa, enfermeira e fundadora do Instituto Cultural Marfisafrosua, ativista e militante do Movimento Popular de Saúde de Cidade Tiradentes;

 

Tafiane Santos, pedagoga, consultora e mentora antirracista, realiza um trabalho de promoção da equidade e enfrentamento ao racismo no ambiente escolar;

 

Priscila Rodrigues de Souza, CEO da ONG Bem da Madrugada, que busca incentivar a expressão cultural afro-brasileira dentro das suas ações sociais, que servem principalmente a população afro-brasileira;

 

Rosa Maria Tavares Andrade, bióloga, locutora televisiva, professora de genética humana em assuntos afro-brasileiros, fez parte do Grupo de Trabalho para Assuntos Afro-brasileiros pela Secretaria de Estado da Educação; e

 

Silvia Cibele, organizadora e idealizadora de eventos, entre os quais feiras online nas redes sociais da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico para engajamento e visibilidade para empreendedoras, artesãs, cozinheiras e costureiras negras.

 

Lista das 21 mulheres que já receberam o prêmio.

 

Nos CCMs, CRMs e Casa da Mulher Brasileira

Programação:

 

CCM Itaquera

Data: 24/07/2023

Horário: 14h – 16h

Endereço: Rua Ibiajara, 495 – Itaquera

Tema: “Quem são essas mulheres?!”

 

 

CRM Brasilândia

Data: 26/07/2023

Horário: 10h às 12h

Endereço: Rua Silvio Bueno Peruche, 538 – Brasilândia

Tema: “Luta, protagonismo e resiliência da mulher negra

 

Casa da Mulher Brasileira (CMB)

Data: 26/07/2023

Horário: 09h – 12h

Endereço: Rua Vieira Ravasco, 26 – Cambuci

Tema: “Protagonismo x Invisibilidade da Mulher Negra nas Políticas Públicas”

Convidada: Dr.ª Claudia Luna (Advogada)

 

CRM Maria de Lourdes Rodrigues

Data: 31/07/2023

Horário: 10h – 12h

Endereço: Rua Dr. Luiz Fonseca Galvão, 145 – Capão Redondo

Tema: “É possível ocupar lugares de poder?”

Convidada: Dr.ª Élida de Souza Silva (Advogada, Conselheira Municipal de Políticas Públicas para Mulheres e Conselheira Seccional pela OAB SP)

 

CCM Perus

Data: 27/07/2023

Horário: 14h – 16h

Endereço: Rua Aurora Boreal, 43 – Vila Perus

Tema: “História de vida de Zila Calei”

Convidada: Zila Calei (escritora, cantora e idealizadora de projeto social)

 

CCM Parelheiros

Data: 28/07/2023

Horário: 14h – 16h

Endereço: Rua Terezinha do Prado Oliveira, 119 – Parelheiros

Tema: “Vida e História de Carolina Maria de Jesus”

Convidada: Vera Eunice de Jesus (filha da escritora Carolina Maria de Jesus)

 

Foram realizados eventos semelhantes na Casa Eliane de Grammont (19/7), CCM Capela do Socorro (20/7) e CCM Santo Amaro (21/7).