Nesta terça-feira (9/Jun), matéria publicada pelo blog Radar-DF, surpreendeu o deputado distrital, Jorge Vianna (Podemos), e despertou a reação de servidores da Secretaria de Estado de Saúde do DF (SES-DF). A publicação aponta Vianna como ‘padrinho político’ da ex-supervisora de emergências do Hospital Regional de Taguatinga (HRT), Ruby Lopes, nome social de Edson Santos, investigada pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), por venda de acesso a cirurgias.

Na matéria, intitulada ‘Deputado Jorge Viana homenageia estelionatária por “bons serviços prestados” a comunidade’, o autor afirma ser, Vianna, “o padrinho político do transexual Edson dos Santos, que atende pelo nome social Ruby Lopes, para manter a ex-funcionária da saúde no mesmo cargo que havia assumido em 2017, como Supervisor de Emergência, da Gerência de Emergência, da Diretoria do Hospital Regional de Taguatinga”, afirmação essa refutada pelo parlamentar.

Conclusão essa, justificada pelo blog, por ter homenageado, Ruby Lopes, durante sessão solene realizada pelo parlamentar, em comemoração aos 45 anos do HRT (25/Fev). Vale observar que, na ocasião, cerca de 100 profissionais de saúde receberam tal homenagem.

Sessão Solene em homenagem aos 45 anos do HRT – Foto: Wilter Moreira

Para Vianna, tal afirmação é “equivocada e sem fundamento”, pois à época da homenagem aos servidores da Saúde, inexistia, de conhecimento público qualquer acusação e, tampouco, investigação a Ruby Lopes. “Vi com estranheza a matéria publicada, pois a homenagem no HRT ocorreu no final de fevereiro, e o caso só foi denunciado pela imprensa, no final de maio, e a investigação pela polícia foi anunciada na semana passada, logo, se não tenho conheço a pessoa. Não teria como saber de qualquer envolvimento com a servidora com práticas ilicitas.

Em direito de resposta, encaminhado ao Radar-DF e, publicado no site do parlamentar, Vianna classificou de “leviana e sem fundamento” a afirmação do blog, por tentar vincular um ‘apadrinhamento político’ que nunca existiu.

“Agora me pergunto, e vejo com extrema gravidade isso, porque um jornalista faz uma acusação, que considero gravíssima, de tentar imputar a mim um vínculo que nunca existiu, com essa servidora? Nunca pertenci ao grupo político da Ruby e, tampouco tivemos relações pessoais ou profissionais. Prova disso é que a reação dos servidores da enfermagem, do próprio HRT e também colegas sindicalistas, que acompanham meu dia-a-dia. A resposta foi imediata, ao se levantarem nas redes sociais e grupos de whatsapp.”, disse Vianna.

Lamentável

O deputado considerou lamentável tal episódio, uma vez “eu tenho dedicado a vida a lutar pelos servidores da Saúde, pela categoria que representava enquanto sindicalista, que é a enfermagem, e agora como deputado, por todos os servidores da Saúde e pela população, pelo respeito ao Sistema Único de Saúde, e minha atuação deixa isso muito claro. Tenho orgulho de ter na enfermagem uma das profissionais mais respeitada do mundo. Para de repente, alguém tentar fazer insinuações, desconexa, sabe-se lá com que propósito.”, lamentou Vianna.

Reações

Ao longo do dia, diversas foram as manifestações em defesa de Vianna, nas grupos do aplicativo Whatsapp. Uma delas chamou atenção de Política Distrital (PD). Esse é o caso do Adriano, Técnico em Higiene Dental (THD), que embora se lembre ser crítico, também levou em consideração a atuação profissional de Ruby no HRT.

“Já fiz críticas ao deputado Jorge Viana, mas no intuito de somar. O deputado vem sendo bem atuante, e não é justo que seu trabalho venha ser colocado xeque de forma tendenciosa. Outra coisa, quanto ao elogio por serviços  prestados, qualquer usuário pode fazê-lo, digo,  indicar.  E muitos de nós que usa os serviços públicos de saúde,  e procura  o HRT,  normalmente eram muito bem acolhidos por Ruby Lopes. Porém,  julga-la quanto ao ocorrido,  caso exista de fato o erro, cabe à justiça, e meu desejo, caso se constate culpa, seja devidamente punida. Mas não vamos misturar os fatos, usando o ocorrido para prejudicar um deputado que vem sendo muito atuante na saúde, assim como, aqueles que, fizeram o elogio ao lado profissional na assistência feita por ela.”

Entenda o Caso

Ruby da Saúde – Foto: Cedida ao PD

Em 5 de julho, o MPDFT e a PCDF, em coletiva de imprensa, anunciaram a investigação de Ruby Lopes, nome social de Edson Santos, por venda de acesso a cirurgias no HRT. Embora o MPDFT tenha informado que a supervisora de enfermagem seja investigada desde 2017, o caso só veio a público após publicação de matéria, com exclusividade, pelo Jornal de Brasília, no final de maio. A ex-gestora negociava, à época, supostas vendas de cirurgias no HRT, o que foi amplamente divulgada pela grande mídia.

Inicialmente investigada por corrupção passiva, após cumprimento de busca e apreensão nas residências e no HRT, investigadores encontraram atestados médicos, com timbre da SES-DF. Com isso, a operação também trabalha, com a possibilidade de comercialização de receituários, atestados médicos e de comparecimento, o que pode incluir falsidade ideológica e falsificação de documento público e, até mesmo, associação criminosa.

Matéria publicada por PD, aponta que Ruby Lopes foi exonerada em fevereiro de 2018, e, conforme Jornal de Brasília (JB), posteriormente requisitada para cargo na Câmara Legislativa do DF (CLDF). Porém, voltou ao HRT, com cargo em comissão, ocasião em que denúncias vieram à tona pelo JB (Veja Aqui).

Na mídia

Ruby Lope em reportagem do G1 DF – Foto: Gabriel Luiz/G1

Embora tenha diversas passagens pela SES-DF, Ruby Lopes é antiga conhecida pela mídia do DF, porém de forma positiva, o que inclui o próprio Radar-DF, que em outubro de 2017, publicou matéria em defesa de Ruby, sobre possível discriminação de um parlamentar (Veja Aqui).

Em março de 2018, Ruby Lopes progatonizou matéria no Correio Braziliense (CB) (Veja aqui), em decorrência de decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por aumentar a participação de trans, nas eleições daquele ano.

A ex-gestora do HRT, foi candidata a deputada distrital, em 2014, pelo Partido da Patria Livre (PPL), e, no ínicio de 2018, se lançou pré-candidato à Câmara Legislativa do DF (CLDF).

Novamente, em maio de 2018, Ruby Lopes, também foi protagonista de reportagem do G1 DF, da Rede Globo, por ser a primeira servidora trans, nomeada na CLDF (Veja Aqui)