Durante a conferência Parlamento e Fé, realizada em Gramado (RS) neste final de semana, um painel de especialista avaliou como a agenda globalista, que inclui a ideologia de gênero, a defesa do aborto e o casamento gay está se firmando na América Latina como “verdades incontestáveis”.

Os líderes cristãos Gabriella Ortiz (Equador), Pablo Novosak (Paraguai), Ana Valoy (Argentina), Marcelo Diaz (Argentina) e Walter de Paula (Brasil) discorreram sobre a imposição dessas pautas foram disseminados em seus respectivos países.

Segundo os estudiosos, tudo começou de maneira sutil, como parte de um “processo ideológico”, que questionava os conceitos sedimentados nas sociedades baseadas em valores judaico-cristãos. Num esforço claramente organizado, em pouco mais de três décadas, a partir de ideias de “diversidade” disseminadas nas Organização das Nações Unidas, essas ideias estão amplamente difundidas em todo o continente.

A reconceituação do que seria o sexo (agora visto como gênero), foi seguida de uma tentativa de “eliminar as desigualdades”, numa desconstrução da ideia de casamento bíblico, onde o feminismo abre uma “guerra dos sexos”, onde o inimigo final é o conceito bíblico de que existe uma complementação entre homem e mulher.

Foi proclamado esse fim do patriarcado, entendido como governo do homem, tendo como um de seus objetivos a promoção do fim das diferenças entre homem e mulher, na eliminação das características dadas a cada um por Deus na criação.

O uso amplo do termo “discurso de ódio” passou a ser um rótulo para todos os que pensam diferente ou se opõe a “essa nova ordem mundial”. Isso atingiu de várias formas a igreja, que não estava preparada para o embate no campo político e ideológico, sendo “engolida” pelo marxismo cultural.

Admitindo que a reação eclesiástica foi tardia, Marcelo Diaz pontuou que surgiram várias iniciativas no continente. “Despertamos muito tarde para as consequências do fracasso do marxismo como ideologia econômica, mas que sobrevive sob a forma do marxismo cultural que prega a destruição de família e da vida, conforme defendia o antigo Manifesto Comunista”, avaliou.

Entre as iniciativas, destacou-se o “Congresso Ibero-americano pela Vida e pela Família”, realizado em fevereiro de 2017 no México. Na ocasião, cerca de 300 líderes latinos, incluindo pastores, políticos e educadores, foram convocados a estabelecer localmente “grupos de capacitação e de consulta”, incluindo atuação no campo político “em favor da vida e da família”.

O advogado brasileiro Walter de Paula foi enfático: “Com o mesmo argumento inicialmente inofensivo do respeito à ‘diversidade’ ganharam espaço temas como Ideologia de Gênero, aborto, restrição da liberdade de consciência, limitação da liberdade de expressão, restrição de liberdade religiosa, doutrinação político-ideológica nas escolas, erotização precoce, destruição da família, promoção da violência, banalização da vida, manipulação de minorias, ecoditadura, criminalização da atividade missionária, política anti-Israel e neutralidade religiosa”.