Maridos, namorados, companheiros e, principalmente, ex-maridos, ex-namorados e ex-companheiros protagonizaram, apenas nos primeiros 8 dias de agosto, pelo menos 12 casos de violência contra a mulher que ganharam registro na mídia (sem contar os que ninguém fica sabendo).
Teve de tudo… o marido que agrediu a advogada Tatiane Spitzner, de 29 anos, e é suspeito de tê-la jogado da janela, o ex-namorado que pediu um abraço de despedida e desferiu 13 facadas na menina por quem se dizia apaixonado, o homem que confessou ter matado a esposa grávida na frente do filho de três anos no Complexo do Alemão, e vai por aí.
A violência masculina parece não ter limites. Mas até quando apanha a mulher é apontada como culpada. Por que ela não saiu fora no primeiro tapa? Os motivos que fazem as mulheres ficarem em relações abusivas são múltiplos, sociais, emocionais, pessoais. Já falei deles por aqui. Estamos, todos, tentando alertar as vítimas para que fujam enquanto é tempo. Mas este é apenas um lado dessa moeda. PUBLICIDADE
E o agressor? O que faz com que o homem levante a mão para a mulher que diz amar? Por que eles dão o primeiro tapa? O que nós, como sociedade, podemos fazer para evitar que os machos heterossexuais achem que esse comportamento é normal, que faz parte do exercício de sua masculinidade, que têm direito de agredir suas companheiras?
Tatiane Spitzner: por que mulheres ficam em relações abusivas?
Antes de mais nada, é importante ressaltar que não há “loucura” nenhuma na forma de agir desses homens. Ninguém é louco nessa história. A grande maioria sabe exatamente o que está fazendo, e tem plenas condições de responder por seus atos e por seus crimes. Dizer que os caras são “loucos” é só mais uma forma de passar pano pra macho covarde que bate e mata mulher. Me poupem.
É um problema estrutural, cultural e socialmente aceito. O patriarcado se baseia em tratar a mulher como um ser menor, desprezível, desumanizado. E uma “coisa” não merece respeito. Os homens são criados acreditando que são mais gente do que a gente. E se sentem no direito de tratar mulher como se fosse um objeto, que você possui, manda, desmanda, quebra, joga no lixo.
Metam a colher: vizinhos poderiam ter salvo a vida de Tatiane Spitzner
Eles realmente acreditam que são donos das mulheres e podem fazer com elas o que bem entenderem. Não são todos? Obviamente que não. Mas estou falando aqui de todos os que agem assim, e não são poucos. Quando se trata dos “ex” há que se considerar ainda a total incapacidade masculina de lidar com a frustração. Com o não. Com o ser trocado por outro ou, simplesmente, rejeitado. Macho não suporta isso. Alguns matam por isso.
Mudar essas crenças masculinas e, consequentemente, alterar o comportamento violento que tantos danos causa, é um desafio para todos nós. É dentro de cada casa, de cada família, que se planta a semente da igualdade de gênero. É ensinando seu filho que não, ele não pode bater na amiguinha pra resolver um perrengue. Que não é no braço que se solucionam os problemas. Que sair na porrada não faz dele mais macho. Mostrar que todos os seres humanos merecem respeito, independentemente do sexo, da cor, da religião, da origem, das escolhas.
Também é necessário trazer os homens para o debate. O que você, companheiro, acha desses caras que quebram a mulher na porrada? Conhece algum? Já fez isso? Já pensou em fazer? É preciso que os rapazes enxerguem que estão agindo errado. Que saibam que homem que bate em mulher é bandido. B A N D I D O. Criminoso. Meliante. E merece apodrecer na cadeia.
Fonte: r7