O Jardim Botânico de Brasília (JBB) realizou, nos últimos dois anos, dois inventários florísticos em áreas bastante relevantes do cerrado goiano: Pirenópolis e Chapada dos Veadeiros. O objetivo do trabalho foi enriquecer o acervo do Herbário Ezechias Paulo Heringer, localizado no próprio JBB, ampliar o conhecimento sobre a flora e fornecer uma base de dados maior aos pesquisadores e à sociedade.
As coletas botânicas foram feitas em expedições mensais no período de um ano. Em Pirenópolis, as expedições ocorreram no Mosteiro Zen Horyu-Zan Eisho-Ji de maio de 2017 a maio de 2018, em uma área de 950 hectares. Na Chapada dos Veadeiros, foi inventariada uma fazenda em bom estado de conservação, de cerca de 300 hectares, localizada na zona de amortecimento do Parque Nacional. As duas áreas nunca haviam sido inventariadas por outra equipe de pesquisa. O levantamento foi realizado de junho de 2019 a abril de 2020 e, posteriormente, em maio deste ano.
“A partir desses estudos, foi registrada a ocorrência de espécies novas, raras, endêmicas e ameaçadas de extinção que são informações importantes para subsidiar políticas ambientais mais efetivas”
Aline De Pieri, diretora executiva do Jardim Botânico de Brasília
Ramos em fase reprodutiva foram coletados, prensados conforme as técnicas de herborização e depositados no acervo do Herbário Ezechias Paulo Heringer. As determinações das coletas foram feitas por meio de chaves de identificação e/ou fotos disponíveis em páginas on-line como a Flora do Brasil 2020 e a Rede speciesLink, além da consulta a especialistas.
Em Pirenópolis, foram coletados 719 espécimes de 86 famílias, 227 gêneros e 436 espécies. Na Chapada dos Veadeiros, foram coletados cerca de 1,3 mil espécimes de 99 famílias. Os dados ainda estão em análise.
A diretora executiva do JBB, Aline De Pieri, participou de uma expedição para coleta e ficou apaixonada pelo trabalho dos técnicos e botânicos. Para ela, inventários florísticos em áreas tão biodiversas se mostram de grande importância para a conservação do bioma cerrado. “A partir desses estudos, foi registrada a ocorrência de espécies novas, raras, endêmicas e ameaçadas de extinção que são informações importantes para subsidiar políticas ambientais mais efetivas”, defendeu.
Herbário Ezechias Paulo Heringer
O Herbário Ezechias Paulo Heringer, foi criado em 1984. O nome é uma homenagem ao pesquisador responsável pelas primeiras coletas e organização da coleção. Sob a sigla HEPH, a coleção é referência para a flora do cerrado, principalmente do Distrito Federal, e conta, atualmente, com cerca de 36.500 exemplares.
A herborização é um processo de desidratação das plantas. Elas são colocadas em prensas e estufas para secagem. Após esse procedimento, as plantas são costuradas em cartolinas e recebem um rótulo com as informações anotadas no ato da coleta. Por fim, ficam organizadas em armários de aço.
O acervo do HEPH é formado, principalmente, por plantas do cerrado, fornecendo informações para pesquisas em diversas áreas, como morfologia vegetal, taxonomia, filogenia, anatomia e ecologia. Vários pesquisadores realizaram importantes coletas e contribuíram para a formação desse importante acervo, entre eles o professor Ezechias Paulo Heringer e a especialista em educação ambiental Cilúlia Maury. O Herbário Ezechias Paulo Heringer tem uma coleção de plantas organizadas de acordo com o sistema APG (Angiosperm Phylogeny Group) e distribuídas em ordem alfabética por família, gênero e espécie. O acervo informatizado está disponível neste endereço eletrônico.
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O intercâmbio de material científico é realizado entre instituições nacionais e internacionais por meio de empréstimo, doação por identificação (troca de duplicatas de plantas pelas suas identificações) e permuta (troca de duplicatas de plantas por duplicatas de outras plantas).
Os grupos taxonômicos mais bem representados são Orchidaceae, Poaceae, Asteraceae, Fabaceae, Malpighiaceae, Myrtaceae e Rubiaceae. Além do acervo do herbário, há também uma coleção de frutos e sementes (carpoteca) composta por 280 exemplares de 65 famílias, uma coleção de madeira (xiloteca) que conta com exemplares de 12 espécies e a palinoteca, coleção de lâminas de pólen, composta por 172 exemplares de 44 espécies de plantas.
*Com informações do Jardim Botânico de Brasília
Fonte: Agência Brasília