Por Cris Oliveira
O Dia Internacional da Mulher sempre foi o dia de afago com bombons, café da manhã e mensagens que tentam enaltecer o ego de mulheres com realidades diferenciadas. Para algumas, a rosa nas mãos tenta esconder a violência sofrida, seja na importunação sexual ao pegar o transporte público ou pela violência doméstica sofrida no seu lar, escondida com sorrisos superficiais ao chegar no trabalho. Resumindo, sufocante para quem não vive fora da realidade que as mulheres enfrentam no Brasil e no mundo.
Esse mês de março de 2023 foi marcante nas redes sociais de mulheres que influenciam outras mulheres. A data comemorativa foi surpreendida com mensagens de alerta principalmente ao feminicídio que no DF, em três meses, já está marcado com nove mortes de mulheres que sofreram caladas. A história do 08 de março já nos coloca reflexivas sobre a união entre mulheres por direitos básicos. O Dia Internacional da Mulher é acumulativo em relação aos direitos conquistados, que estão fazendo total diferença em nossas vidas, deixando de ser uma comemoração do dia 08 e passando a ser comemorado a cada Lei aprovada e regulamentada. Mas precisamos de mais. Não adianta uma lei aprovada sem regulamentação dentro da máquina pública. Não adianta a paridade salarial sem uma fiscalização do Ministério do Trabalho. E também não adianta ser a maioria dos votos de uma eleição se não conseguirmos chegar nas cadeiras dos Poderes. O machismo estrutural também nos agride muito. Se elegemos não somos prioridade durante um mandato. A voz dos machistas é constante no Poder Público, porque o crescimento da mulher na política está seguro aos partidos políticos e suas escolhas na entrega de legendas para concorrer a uma eleição ou até mesmo na hora de receber o fundo partidário. A desigualdade dos direitos entre homens e mulheres gera a violência não amparada pelo Poder Público. O aumento do feminicídio é a prova de que não conseguimos chegar severamente no agressor por questões como falta de atitude em reconhecer que violação de direitos causam violências que podem fazer vítimas de feminicídio. Não são eventos como café da manhã em administração pública que irão identificar uma vítima de violência, mas o enfrentamento à violência contra a mulher, que precisa ser tratada com seriedade pelos agentes públicos e governantes, colocando a mulher com exclusividade no atendimento público, em projetos de empreendedorismo e trabalhando a quebra do ser amada à base de afago após a porrada, reprimindo de forma mais severa. A sociedade, principalmente no Brasil, precisa se libertar de atitudes que afetam pessoas por aversão a diferenças humanas. Mulheres, precisamos ser mais reflexivas! Não seja refém emocionalmente e profissionalmente. Não aceite nada abaixo dos seus direitos. Eles foram conquistados por um alto preço.