Izalci explica a estratégia: “não contratei os caras porque são do partido, é o contrário. Eles são do meu gabinete e botei eles no partido. Se você não tem partido, você não é candidato. Você tem que ter a legenda. Montei o diretório com pessoas da minha confiança. Hoje, vai para uma convenção, quem é o candidato ao governo? Ninguém vai se meter”.
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O senador afirma que aprendeu com a última eleição, quando não teve apoio para sair candidato: “foi o que aconteceu na eleição passada. Qual era o meu projeto? Eu nunca quis ser senador. O meu projeto em 2018 era governo. Por que eu não fui candidato ao governo? Porque eu não tinha partido. Eu era presidente, mas era comissão provisória. Agora, não. Montei as zonais em cada cidade”.
Questionado se seria mesmo preciso manter dirigentes contratados no seu gabinete, respondeu: “não é que eles eram dirigentes e vieram para o meu gabinete, é o contrário. São do meu gabinete e foram candidatos a cargos no PSDB. Porque eu tenho que botar pessoas da minha confiança. Eu tenho que ter a garantia de que vou ganhar a eleição, porque eu tenho um objetivo: governar essa cidade (quis dizer o DF)”.
Despachando na sede
Na última terça-feira (7), no início da tarde, estive no “escritório de apoio” de Izalci no Shopping Conic, no centro de Brasília. Estava fechado. O porteiro informou que os funcionários deveriam estar na “sede do partido”, no mesmo edifício. Lá, encontrei Maione dos Santos Dias, assessor do senador e integrante da direção do PSDB. Ele é funcionário comissionado do Senado, com salário de R$ 13,5 mil. Durante à tarde, pago pelo Senado, cumpriu tarefas da sede do PSDB, uma entidade privada.
Maione afirmou que estava fechando as atas das eleições regionais do PSDB, realizadas no final de semana anterior, com a ajuda de algumas funcionárias. Perguntamos por que o escritório de apoio estava fechado, já que o aluguel custou um total de R$ 3,5 mil em fevereiro e março. O assessor afirmou que o espaço estava sendo montado. A mesma informação foi passada por Izalci, dois dias mais tarde. Estive no escritório, que conta apenas com algumas mesas, cadeiras e muitos caixotes de papelão.
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O senador relatou como trabalham seus assessores/dirigentes partidários. “Lá é mais para controle dessa turma que está nas cidades. Além de ouvir a comunidade, eles têm que montar também a estrutura partidária. Senão, a gente não ganha a eleição. As pessoas do gabinete que são setoriais vivem nas cidades, ouvindo propostas, montando núcleos. Isso se mistura um pouco com a atividade parlamentar.
Estão na lista de assessores de Izalci mais dois integrantes da direção do PSDB do DF, João Ximenes, com salário de R$ 11,5 mil; e Kátia Stival, com renda de R$ 6,7 mil. Também recebem pelo Senado presidentes zonais do PSDB de Sobradinho, Ceilândia, Núcleo Bandeirante, Taguatinga e Lago Sul, com salários entre R$ 4 mil e R$ 6 mil. Assessores e presidentes do PSDB Mulher têm salário menor: R$ 2,2 mil.
Enquanto eu lia o nome dos dirigentes, o senador comentou: “tem muito mais. Eles ocuparam espaço no partido. Só não botei mais porque abri mão para outros também. Se pudesse, botava 100% meu”.
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Cada senador tem à disposição 11 cargos comissionados (de livre nomeação) que podem ser subdivididos em dezenas de cargos de menor valor. Os salários variam de R$ 2,2 mil a R$ 28 mil. O maior salário entre os comissionados de Izalci é o de Lilian Sores dos Santos – R$ 18 mil. Os senadores também contam com até quatro servidores efetivos. No caso do senador tucano, os salários dos efetivos vão de R$ 32 mil a R$ 41 mil bruto – nesse último caso com a aplicação do abate-teto.
Questionado se considera correto, embora seja legal, gastar R$ 527 mil por mês com 78 assessores num momento em que o governo enfrenta grave crise fiscal, Izalci respondeu. “Eu tenho mais gente (no meu gabinete)? Tenho, mas as minhas necessidades são maiores e mais intensas. Então, se tiver a oportunidade de ter 100, vou ter 100. Mas não tem nenhum deles que não tenha uma função importante no meu processo para melhorar a cidade. Não ganho nada com isso”.