Para comemorar os 20 anos da Escola Portátil de Música, foi lançada neste sábado (3) a plataforma de transmissão Casa do Choro Digital, especializada no gênero musical brasileiro que surgiu há mais de um século e meio.
O objetivo da plataforma é dar continuidade de forma online às atividades culturais e de pesquisa iniciadas há cinco anos em um casarão na Rua da Carioca, no centro histórico do Rio de Janeiro, além dos trabalhos de educação e de preservação de acervos feitos há 20 anos pelo Instituto Casa do Choro e pela Escola Portátil.
O acesso aos conteúdos é gratuita na semana de lançamento. Depois, parte do acesso será apenas para quem pagar uma assinatura de R$ 10 por mês. A programação do lançamento da plataforma começou com um ensaio aberto, que normalmente ocorre em um jardim aos pés do Morro da Urca. A execução online foi feita por parte dos 1.200 alunos da Escola Portátil de Música, que, com o formato virtual, atingiu a marca de 25% de alunos estrangeiros.
Às 18h será exibida o filme Choro Carioca: Música do Brasil, dirigido por Zeca Ferreira, que aborda os ritmos que foram matrizes do choro, como o lundu e a polca, até chegar ao choro contemporâneo. A obra conta com registros de Lima Barreto e Paulo César Pinheiro, projeção de fotografias raras e de obras de artistas como Portinari e Debret. Em seguida, haverá bate-papo do diretor com a presidente da Casa do Choro, Luciana Rabello, e músicos convidados.
De terça a sexta-feira próximas, será oferecido o workshop gratuito Choro para Todos, com os cavaquinistas Luciana Rabello e Jayme Vignoli, os violonistas Mauricio Carrilho e Paulo Aragão, o bandolinista Pedro Aragão e outros músicos convidados.
No próximo sábado (10), será inaugurado o auditório virtual, com o show Senhora das Canções, em homenagem aos 100 anos de Elizeth Cardoso, com a cantora Mônica Salmaso e os músicos Paulo Aragão, Luciana Rabello, Mauricio Carrilho, Aquiles Moraes e Marcos Thadeu. O acesso custará R$15, com direito a um bate-papo virtual com os artistas via Zoom, após a apresentação.
Para Luciana, a plataforma online é uma conquista para todos os amantes da boa música brasileira. “Essa união de talentos e esforços nada mais é do que nosso total respeito ao próprio choro, que é agregador por natureza e sempre precisou do trabalho coletivo para chegar aonde chegou. É uma conquista não só dos chorões, mas de todos que gostam da boa música brasileira. Dessa música que é um alicerce da cultura do nosso país”, afirmou.
Rádio Nacional
Cerca de 50 programas da série Jacob e seus discos de Ouro, apresentados na Rádio Nacional do Rio de Janeiro de 1968 a 1969, foram reunidos e compilados pelo Instituto Jacob do Bandolim e estarão disponíveis na plataforma em formato de podcast. No programa, o compositor apresentava raridades e lançamentos fonográficos, além de contar histórias e fazer críticas.
Também estarão disponíveis shows exclusivos, cursos online e vasto material de pesquisa, como os Cadernos de Choro, a Rádio Acari Records, documentários e filmes.
Outro atrativo da plataforma são os depoimentos para a posteridade – os primeiros disponibilizados serão os de Wilson das Neves e de Cristovão Bastos. O Instituto já gravou também com Herminio Bello de Carvalho, Mauricio Carrilho, Paulo Cesar Pinheiro, Izaias Bueno, Deo Rian, Zé da Velha, Celsinho Silva, Luciana Rabello e Mauricio Carrilho.
Renovação e memória
Um dos fundadores da Casa do Choro e professor de violão Maurício Carrilho destacou a renovação que a escola proporciona ao gênero musical. A equipe de 41 professores oferece estudos de teoria e prática musicais, instrumentos e cursos infantis. “Há 20 anos, a situação do choro era dramática, não tinha nenhum jovem tocando e nenhum espaço dedicado ao gênero. Hoje, você vê em bares e reuniões alunos e ex-alunos da Escola Portátil de Música.”
A Escola Portátil de Música foi criada no ano 2000 por Luciana Rabello, Mauricio Carrilho, Celsinho Silva, Álvaro Carrilho e Pedro Amorim, com aulas oferecidas como curso de extensão na graduação em música da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio). Desde então, passaram pela escola mais de 18 mil estudantes de música e foi lançada a Acari Records, primeira e única gravadora de choro do mundo.
A Casa do Choro abriu as portas ao público em 2015, em um sobrado tombado pelo patrimônio histórico estadual e cedido pelo governo do estado ao Instituto. O restauro do imóvel foi feito com patrocínio da Petrobras e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), além de incentivo parcial da Lei Rouanet.
O local conta com oito salas de aula, um estúdio de gravação e um auditório com 100 lugares. O acervo tem mais de 18 mil partituras catalogadas e digitalizadas e dois mil discos de 78 rotações e LPs.
Fonte: Agência Brasil