Dia 28 de outubro é comemorado o dia do servidor público. Sou servidora? Não… Mas, como em boa parte do DF, tenho servidores na minha família e deixo aqui um certo desabafo ao governador. Ele vai ler? Provavelmente não. Mas ele gosta tanto de “bater” no servidor, que isso vai servir mais como uma forma de parabenizar as pessoas que trabalham na área e CLARAMENTE não tem reconhecimento. Antecipadamente, deixo o meu parabéns e obrigada pelo serviço à população!
“Senhor Governador,
Sou parte do seu público de interesse, afinal, sou eleitora, e em 2018 com toda certeza você vai querer saber de mim e da minha opinião. Sou filha de dois servidores públicos, que trabalham há 20 e tantos anos na saúde. Eles fizeram parte das pessoas que tiveram de ESTUDAR para entrar no serviço. O senhor sabe o que é isso? Desde criança minha mãe me falava que eles não eram somente servidores públicos, eram servidores DO público, o que justificava todos os atrasos para buscar na escola, ou quando chegavam em casa depois do horário. O senhor sabe o que é isso?
Muitas vezes eu vi meus pais (e as pessoas que com eles trabalhavam) fazendo de tudo para ajudar alguém, atenuar o sofrimento, fazer com que alguém tivesse atendimento ou tratamento digno. Até que eu, em estágio, me inseri no contexto da saúde e pude ver que isso não era só na minha família. Que existe MUITO servidor DO público dedicado em atender à população dentro das condições de trabalho que hoje VOCÊ proporciona. “Que condições de trabalho são essas? Você tá falando do aumento?”. Não… Eu tô falando de falta de remédio, recursos… Eu tô falando de falta de PAPEL ou tinta para imprimir um relatório que o paciente precisa. De copo descartável pra que eles (e os servidores também) possam beber água.. “Ah.., mais eu chego no serviço e vejo”. Provavelmente porque os servidores fizeram uma vaquinha do próprio bolso e compraram pra não deixar faltar. Assim como fazem com várias outras coisas, pra que o serviço diário não pare.
O senhor, Rollemberg foi candidato ao cargo de governador em outras eleições e conseguiu se eleger, no ano passado. A sua trajetória política é eclética. Participou, direta ou indiretamente de vários governos: Roriz, Arruda e, sempre na aba do PT, a quem agora insiste em imputar todas as mazelas de seu governo (?). Fez promessas de campanha e entrou assumindo compromisso com a sociedade civil e os servidores públicos, de “enxugar a máquina pública e contratar mais servidores concursados e melhorar as condições de trabalho”. O senhor entrou, e garantiu no seu discurso da posse que a educação seria prioridade e HOJE, no dia do servidor público, o senhor tratou os seus professores com gás de pimenta e balas de borracha.
O senhor declara que os sindicatos estão coagindo os servidores a permanecerem em greve e que vai cortar o ponto, uma vez que a greve foi considerada ilegal, e esse corte nada mais é do que cumprir a lei. Quer cumprir a lei? Cumpra TODAS as leis:
- De 2013 que garante o pagamento do parcelamento do reajuste e incorporação das gratificações (que já foram parceladas por 6 anos) e a isonomia de carga horária dos servidores da saúde.
- Cumpra o SUS e não privatize a saúde e traga condições de atendimento à população.
- Pagar salarios em dia não é motivo para se vangloriar. Você não faz mais do que a sua obrigação de cumprir a lei. 🙂
Depois de fazer isso, você pode exigir que os servidores, que também fazem parte da população usuária dos serviços afetados, cumpram a lei de retornar ao serviço.
E por último… Se o senhor acha que isso é demais, sempre há a opção honrosa de desistir, pedir para sair. Você pode alegar problemas de saúde que te impedem de continuar no cargo, uma vez que você provavelmente vai para outro estado se tratar, afinal eu duvido você usar o serviço deste que você governa. ;)”
Fonte: Thauana Gabriela\Mulheres falando de política