Por Walter Lídio Nunes, vice-presidente da Associação Gaúcha das Empresas Florestais (Ageflor)
Preocupa a constatação mundial sobre os limites da biosfera e sua ultrapassagem, pois economia e sociedade não podem ser maiores do que o ambiente. Neste contexto, cresce a governança mundial na busca da sustentabilidade dos aspectos econômicos, ambientais e sociais visando à sobrevivência das futuras gerações e impõe-se o conceito holístico de economia, que contrasta com a atual economia linear do “extrair-produzir-descartar”, em que o crescimento econômico depende do consumo de recursos finitos, com risco iminente de esgotamento dos insumos. Este ciclo acarreta aumento de custos, instabilidade e insegurança em relação ao futuro. Hoje, utiliza-se 92,8 bilhões de toneladas anuais de minerais, combustíveis fósseis, metais e biomassa em processos produtivos, dos quais apenas 9% são reciclados.
O conceito de economia circular se fundamenta na ideia de que economia e ambiente podem coexistir em cadeias econômicas baseadas no “fazer-usar-reciclar/reutilizar”, o que começa por novos padrões de consumo, desenhos de produto e serviço e uma cadeia circular baseada em preservar o capital natural, otimizar a produção de recursos e fomentar a eficácia dos processos.
A economia circular muda radicalmente a forma de produzir e passa, também, por novos comportamentos sociais de consumo, incluindo possuir menos e compartilhar mais. Uma economia circular é um paradigma, no qual os produtos não têm mais um ciclo de vida com início, meio e fim. Cada material é usado e reutilizado ao máximo, com o mínimo de desperdício, ou seja, ela visa desconstruir o conceito de resíduo por meio da evolução de projetos e sistemas, privilegiando materiais naturais que possam ser totalmente recuperados. A escolha das matérias-primas, o design dos produtos e o aproveitamento dos subprodutos industriais são aspectos essenciais do novo modelo.
Na economia circular, as empresas precisam se preocupar com a gestão completa do ciclo de vida dos produtos e serviços, na qual a visão da cadeia formadora de valor econômico e suas externalidades farão parte da licença social para operar. A sociedade da economia circular é um paradigma necessário para a nossa sobrevivência e produzirá significativas rupturas nas atuais cadeias formadoras de valor econômico e nos padrões de comportamento social e de consumo. Isto ocorrerá muito antes do que imaginamos e, por isso, é importante visualizar os novos cenários e nos prepararmos para vivenciá-los.