Sabe-se que no Brasil 51,6% da população é composta pelas mulheres. Porém, a desigualdade de gênero é uma realidade e cria vários obstáculos na atuação social da mulher. O mais alarmante são os dados da violência que segundo um levantamento do Datafolha feito em fevereiro encomendada pela ONG Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) para avaliar o impacto da violência contra as mulheres no Brasil, nos últimos 12 meses, 1,6 milhões de mulheres foram espancadas ou sofreram tentativa de estrangulamento no Brasil, enquanto 22 milhões (37,1%) de brasileiras passaram por algum tipo de assédio. Entre os casos de violência, 42% é doméstica (psicológica ou física). Após sofrer uma violência, mais da metade das mulheres (52%) não denunciou o agressor ou procurou ajuda.
Entende-se que as políticas públicas são precárias quando o assunto é mulher, apesar da notável evolução ocorrida nos últimos anos. E a conscientização sobre a violência ainda é pouco difundida, gerando um disfarce entre casais por exemplo, é o que afirma a Coach e Trainer Lívia Soares, idealizadora do evento Somos Todos Por Uma, que aconteceu dias 25 e 26 de maio em Caratinga, uma cidade do interior de Minas Gerais, reunindo cerca de 100 mulheres e foi um sucesso absoluto. “Estamos na segunda edição do evento e a participação e profundidade das discussões avançou de uma forma impressionante”, afirma Lívia.
É notável que diversos grupos e eventos de mulheres têm surgido com o objetivo de aflorar luta incessante pela igualdade dos direitos entre os gêneros. E dentro destes grupos ou eventos pode-se perceber comportamentos diferentes na luta pelos direitos de igualdade entre homens e mulheres, principalmente quando avaliadas as diferenças educacionais influenciadoras dos comportamentos. “A formação do carácter do indivíduo vem através do que foi lhe ensinando”, afirma a Trainer Lívia.
Necessário questionar se realmente o problema está na precariedade da má gestão e não falta de leis mais eficientes; Ou é na educação de base onde a construção do carácter, crenças e desejo de um futuro melhor? É possível alterar normas sociais e culturais? Lívia Soares acredita que existe a necessidade de levar às escolas a discussão de igualdade de gêneros, os indícios do ciclo da violência e até mesmo a identificação de um suposto agressor. Como exemplo, existe a clareza sobre a violência doméstica e sabe-se que o homem que vai repetir esse comportamento, pode ter sido uma criança criada em um ambiente violento que vivenciou esse comportamento na vivência de seus pais.
No Brasil existem vários eventos de empoderamento feminino, os quais possuem formatos diferentes. O já citado Somos Todos Por Uma, foi alvo de algumas críticas por grupos feministas radicais, onde a discordância principal, foi a participação de homens. O Somos Todos Por Uma é um projeto idealizado para agregar na vida das mulheres, porém o intuito do evento é a integração, elevação do autoconhecimento, e valorização do respeito mútuo, por isso, não deve existir preconceito em ter um palestrante do sexo masculino, apoiadores, patrocinadores, pois a causa é social e não individualista. “O Somos Todos por Uma reúne palestrantes de vários segmentos, mulheres de todas as classes sociais, com objetivo de trazer muito autoconhecimento, cura espiritual, explorando todas as áreas da vida, trazendo assuntos da atualidade e conhecimento de como gerir seus sentimentos, como ser uma mulher multitarefas sem peso, sem medo e sem frustações” afirma a idealizadora e Trainer Lívia Soares.
Eventos e discussões mais aprofundadas sobre o assunto tem surtido efeito em diversos setores, quando o tema é o papel da mulher. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 30 milhões de mulheres chefiam lares no Brasil. Dados do Sebrae citam que 34% dos negócios do Brasil são comandados por mulheres. Dessa forma, torna-se claro que é inevitável o apoio à atuação das mulheres nos cenários antes dominados pela crença de que seriam primordialmente masculinos.
Assim, nota-se que a junção da sociedade para apoio e participação de eventos que agregam pessoas têm sido uma forma de aprimoramento e desenvolvimento que trazem resultados positivos às necessidades sociais.
Lívia Soares /Revista Exame