Representada por um professor e um estudante, a Universidade Estadual de Goiás (UEG) participa da Cúpula dos Povos na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), iniciada na última quarta-feira, 12, em Belém, PA.
A universidade foi representada pelo professor Uelinton Barbosa Rodrigues, do Câmpus Cora Coralina, e pelo estudante de História da UEG Goianésia, Joseph Taurepang, do povo Taurepang, de Roraima, atualmente residente no contexto urbano de Goianésia.
Universidade Estadual de Goiás está na COP30
Eles representam a Tenda Multiétnica Fica e o Núcleo de Agroecologia e Educação do Campo (Gwatá UEG). Joseph também participa da cobertura da conferência em parceria com a Mídia Ninja e com a própria Cúpula dos Povos.
A atuação do professor Uelinton começou antes mesmo do embarque, na articulação que antecedeu a conferência. Ele participou de diálogos entre territórios, povos originários, quilombolas, ribeirinhos, camponeses e organizações da sociedade civil, com o objetivo de levar à COP uma agenda climática construída a partir das lutas dos povos e comunidades tradicionais.
O docente participa da COP30 acompanhado da delegação do Movimento Camponês Popular (MCP) e do MST, que também colaboram na construção da Cúpula. O grupo reúne estudantes, pesquisadores, indígenas e camponeses de diferentes regiões.
Uma equipe do Núcleo de Materiais Sustentáveis e Fibras Naturais (Nupmat|UEG) também acompanha a programação do evento.
Participação histórica
A edição brasileira da COP registra uma presença inédita de movimentos sociais e povos originários. A Aldeia COP30 reúne cerca de 3 mil indígenas credenciados, dos quais 400 participam da Blue Zone, onde acontecem as negociações oficiais.
A Cúpula dos Povos reuniu 1,3 mil movimentos sociais, redes e organizações populares de diversos países. A expectativa era que mais de 30 mil pessoas passassem pelo evento, que ocorreu na Universidade Federal do Pará (UFPA), às margens do Rio Guamá, até o dia 16.
Agroecologia e soberania alimentar
Na programação da Cúpula, o professor Uelinton participou de painéis sobre agroecologia, soberania alimentar e cozinhas comunitárias, em diálogo permanente com movimentos do campo. Para ele, esta edição da COP marca um momento decisivo para a centralidade dos territórios nas discussões climáticas.
“O grande legado da COP é que a defesa dos territórios e dos povos entrou na agenda climática. Os povos são os que menos contribuem para o desequilíbrio do clima, mas são os mais afetados. E o grande debate é pensar e defender os territórios indígenas, quilombolas, camponeses – e quem os defende e os protege. Não podemos separar os territórios dos seus defensores, que são os povos originários e tradicionais.”
Ele também destaca a dimensão histórica da participação popular no Brasil.
“A presença desses povos aqui na COP30 é muito importante. E é a primeira vez que a conferência conta com essa presença massiva. Geralmente a COP é organizada em países não tão democráticos, como em Dubai, nos Emirados Árabes, ou no Azerbaijão. A participação popular foi muito restrita nesses países. No Brasil, não. Com a Cúpula dos Povos, com a Aldeia COP e com tantas outras atividades, estamos tendo a representatividade desses povos.”
Ao avaliar a presença da UEG na COP30, ele enfatiza o sentido dessa participação: a universidade integra um debate que articula ciência, territórios e justiça climática, contribuindo para ampliar a visibilidade de temas ligados à defesa desses espaços, à agroecologia, à soberania alimentar e ao papel dos povos originários e tradicionais no enfrentamento das mudanças do clima.
Participação estudantil indígena
O estudante Joseph Taurepang, de 25 anos, é aluno da licenciatura em História na UEG – Unidade Universitária de Goianésia. Ele conta que sua presença na conferência é resultado de um processo construído ao longo do ano, marcado por encontros, formações e participações em diferentes espaços acadêmicos e interculturais.
Joseph ressalta que o interesse em compreender e participar da COP surgiu quando decidiu se dedicar mais intensamente às pautas raciais e relacionadas a seu povo. Desde então, esteve na Tenda Multiétnica da UEG, no Fica, participou da Aldeia Multiétnica na Chapada dos Veadeiros e realizou palestras na rede pública de ensino de Goianésia.
Produziu ainda conteúdos audiovisuais colaborativos para a universidade e estreitou relações com outros parentes e acadêmicos, o que, segundo ele, “foi despertando vontade de fazer parte de um evento tão grande”.
O estudante ressalta a importância da UEG em sua trajetória até a COP30.
“A minha família UEG Goianésia me ajudou a chegar até aqui. Acreditaram na minha trajetória e que eu posso fazer mais pelos povos indígenas, mesmo estando distante de casa. E agora de volta ao Norte também, em Belém. É muito bom receber essa energia nortista, muito gratificante”, diz.
Em Belém, Taurepang tem realizado coberturas, acompanhado debates e participado de mesas como ouvinte e interlocutor, trazendo questões que também atravessam a universidade.
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