A postagem foi feita no início do mês passado, quando Danielly ainda estava internada no Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (Crer). Na ocasião, o tatuador torcia para que a mulher pudesse voltar para casa após dez meses internada. E o desejo dele foi realizado ainda no fim do mês de julho.
A história deles depois desse vídeo “bombou” na internet. Jimme conta que seu perfil como tatuador tinha 18 mil seguidores e agora está com 45 mil.
“Todos os dias desde esse de 8 de julho aparecem de 1k (mil) a 2k por dia. E as pessoas vão compartilhando. A ideia da minha rede social é também aumentar o alcance dela e conseguirmos cada vez mais um tratamento adequado para Dani. Que seja tratamento experimental ou equipamentos, que ajudem ela voltar a respirar”, explica.
Danielly Narew de Lima, de 24 anos, que perdeu os movimentos e a fala, foi maquiada pelo marido, Goiás — Foto: Jimme França/Arquivo Pessoal
Até o fim do ano passado Danielly levava uma vida normal, mas, segundo o marido, começou a se sentir mal. Os sintomas foram piorando e ela foi perdendo os movimentos. Não conseguia mais trabalhar, como fazia todos os dias em uma escola.
Depois de vários exames sem um diagnóstico preciso, a família resolveu procurar um neurologista e veio a descoberta de um tumor no sistema nervoso dela. O tatuador conta que a esposa fez uma cirurgia de emergência para a retirada do tumor e ficou com sequelas.
“Desde novembro do ano passado, ela já teve sete intercorrências gravíssimas. Mas ela vem evoluindo. Eu, como marido, tenho o sonho de vê-la não só reabilitada, mas tendo capacidade de cuidar das nossas filhas, que são completamente dependentes da mãe, e a mãe, delas”, falou.
Jimme posta também o dia a dia da mulher com as filhas, Goiás — Foto: Jimme França/Arquivo PessoalSegundo ele, especialistas não descartam a reabilitação da esposa, já que a medula dela teria sido preservada.
“Inicialmente ela foi diagnosticada com síndrome do encarceramento, que ela iria ter consciência e não iria falar, muito menos andar. Contudo, ela tem tido melhoras significativas a cada dia”, disse o tatuador que gravou alguns vídeos com a mulher já esboçando sons na tentativa de falar.
“Espero que ela nunca mais volte para um hospital. Se depender de mim, ficará conosco. Que nosso amor e cuidado dela a cure”, completou.
A volta para casa foi só mais um desafio. Com uma campanha nas redes sociais, ele conseguiu construir um quarto para melhor instalar a esposa e teve que ir à Justiça para conseguir que a Prefeitura de Senador Canedo e o Governo de Goiás instalassem na local um serviço de home care.
“O serviço de home care para minha esposa veio meio que ‘picotado’. Ela tinha que ter enfermeiros 24 horas por dia. Essa enfermagem nós não temos, o que me complica demais. Nós vivemos de doações agora, porque não posso sair de casa, não posso trabalhar, não consigo ter qualidade de vida com minhas filhas”, relatou.
Segundo ele, a Prefeitura de Senador Canedo até disponibilizou fisioterapia para a Danielly duas vezes ao dia, e fonoaudióloga uma vez ao dia. No entanto, o serviço de home care também não conta com um médico específico para o atendimento.
“Alguns insumos eles fornecem mensalmente, como sonda, alimentação, luvas e soros”, contou.
Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde, disse que “o Serviço de Atendimento Domiciliar no Sistema único de Saúde (SUS), chamado de home care, é de responsabilidade dos municípios”.
Ao ser procurada na noite deste domingo (1ª), a assessoria de imprensa da Prefeitura de Senador Canedo, informou que a paciente é acompanhada dentro do Programa Melhor em Casa. A nota comunica ainda que o serviço de home care, pedido judicialmente, foi atendido pelo município, mesmo sendo de responsabilidade do Estado, devido a alta complexidade.
“Há disponibilização de uma fisioterapeuta, que acompanha três vezes ao dia, uma fonoaudióloga, a dieta consumida é entregue pela rede municipal, e há também o acompanhamento médico e da equipe de enfermagem. O home care conta com um aparelho de suporte a vida, de alta complexidade, e toda a assistência necessária é prestada”, diz a nota.
O casal já está junto há oito anos — Foto: Jimme França/Arquivo Pessoal
“A Dani depende de respirador e no caso da lesão dela, precisa bastante de atenção integralmente, porque a saturação sanguínea dela pode cair a qualquer momento. Essas intercorrências são graves porque precisa de habilidade para agir, evitando que ela não morra ou aconteça algo grave que piore a situação”, afirmou Jimme, que até tenta contar com o apoio nos cuidados da mãe e da sogra, mas que eles não sabem lidar como quadro grave.
Enquanto tenta mais uma vez na Justiça o tratamento completo para a esposa, o tatuador está com mais uma campanha na internet para custear o restante da equipe que ela precisa.
“As pessoas percebem que o nosso intuito não é dinheiro. Obviamente, como eu estou parado, é difícil demais me manter. Os custos nossos são autos, é tudo muito caro para o atendimento dela”, comentou.
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