Turistar por Brasília é passear com Oscar Niemeyer, prosear com Lucio Costa, respirar Burle Marx e brincar com Athos Bulcão. É na arquitetura que a capital federal mostra todo o seu equilíbrio, uma feliz mistura entre o concreto e a natureza, os monumentos em curva e as longas avenidas retas.
Quem quer explorar os traços dessa obra modernista precisa estar preparado para sair do óbvio. A área tombada da cidade tem 112,25 km² – é o maior perímetro urbano sob proteção histórica do mundo. Além disso, a capital do Brasil é a primeira cidade moderna a ser reconhecida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como Patrimônio Cultural da Humanidade.
“Em Brasília, é possível observar os traços do modernismo brasileiro, movimento que continua atual e revolucionário, que segue provocando reações de várias formas não só nas pessoas ligadas à arquitetura”, aponta o secretário de Cultura e Economia Criativa, Bartolomeu Rodrigues. “O equilíbrio entre concreto, natureza, céu… Tudo é obra de arte nesta grande prancheta.”
Se você ficou animado para fazer uma expedição arquitetônica pela cidade, dê o primeiro passo dessa jornada. Conheça as quatro escalas que fundamentaram o projeto urbanístico de Brasília: monumental, gregária, bucólica e residencial. Foi em cima desse quadripé que se organizou o desenvolvimento da capital federal.
“Quando Lucio Costa projetou uma Brasília totalmente planejada, ele já imaginava que haveria um crescimento orgânico da cidade. As escalas funcionaram como um guia para esse desenvolvimento”, explica o subsecretário do Patrimônio Cultural da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec), Aquiles Brayner.
O grande eixo que abriga os pontos turísticos mais característicos de Brasília compõe a escala monumental. A gregária é a mais verticalizada de todas, com altos prédios circundando a rodoviária da cidade. “A escala residencial se dedicou a pensar as formas de habitação, e a bucólica garantiu a integração com a natureza”, afirma Brayner.
Quer saber mais? A Agência Brasília preparou um guia sobre as quatro perspectivas que nortearam o projeto urbanístico da capital federal. Conheça melhor cada uma delas e bom passeio!
Escala Monumental
O nome já dá a dica: é a escala que está impressa no Eixo Monumental, avenida que vai da Praça dos Três Poderes até a antiga Rodoferroviária de Brasília. A larga via divide os lados norte e sul da cidade. Além disso, abriga diversos órgãos governamentais ao longo dos seus 16 quilômetros de extensão.
Na porção leste, estão os órgãos do governo federal, encabeçados pela Praça dos Três Poderes. É lá que o Legislativo, o Executivo e o Judiciário se unem, representados pelo Congresso Nacional, pelo Palácio do Planalto e pelo Supremo Tribunal Federal. Os órgãos do Governo do Distrito Federal (GDF), como o Palácio do Buriti e a Câmara Legislativa, estão na parte oeste do eixo.
Mas nem só de prédios governamentais se faz o Eixo Monumental. Na avenida, o visitante também encontra a Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida, o Teatro Nacional Claudio Santoro e o Museu Nacional da República, inaugurado em 2006.
O caçula do eixo surpreende com seu formato semiesférico, com 25 metros de raio e 26,25 metros de altura. O projeto é do arquiteto Oscar Niemeyer. “O museu apresenta sua arte já do lado de fora. Ele, por si só, já é uma obra impressionante”, ressalta o secretário Bartolomeu Rodrigues.
A semiesfera esconde um enorme vão que só pode ser aberto graças a um conjunto de vigas radiais. Nas extremidades, elas se apoiam nos arcos da cúpula. E, ao centro, comprimem um maciço de concreto suspenso. Junto à Biblioteca Nacional de Brasília, o Museu da República compõe o Conjunto Cultural da República.
Vai lá!
Museu Nacional da República
Setor Cultural Sul, Lote 2, Esplanada dos Ministérios
De terça a domingo e feriados, das 9h às 18h30 (fechado em 25 de dezembro e 1º de janeiro e em feriados com grandes eventos na Esplanada dos Ministérios)
Entrada gratuita
(61) 3325-5220 / 3325-6410
Escala Gregária
Marca o coração da cidade, mais especificamente as redondezas da plataforma rodoviária. É na área mais verticalizada da capital federal que estão os setores de diversões, comerciais, bancários, hoteleiros, médico-hospitalares, de autarquias e de rádio e televisão sul e norte.
Em meio aos prédios mais altos de Brasília, o Conjunto Nacional chama a atenção com suas luzes coloridas. Ele foi o primeiro shopping de Brasília e o segundo do Brasil. Terminou de ser totalmente erguido em 1977 – com uma fachada idealizada pelo artista plástico Athos Bulcão.
Vai lá!
Conjunto Nacional de Brasília
Setor de Diversões Norte, Conjunto A
As lojas ficam abertas de segunda a sábado das 9h às 22h; aos domingos, das 14h às 20h
(61) 2106-9700
www.conjuntonacional.com.br
Escala Residencial
É a tradução do conceito coletivo de morar, tão característico nas asas Sul e Norte. Os apartamentos são rodeados de área verde, comércios locais, praças e escolas.
Essa escala tem a 308 Sul como sua maior representante. Em uma única quadra, você pode apreciar o projeto urbanístico de Lucio Costa, o paisagismo de Burle Marx, os azulejos de Athos Bulcão e as criações de Oscar Niemeyer.
A primeira parada do passeio deve ser na tradicional Igreja Nossa Senhora de Fátima, carinhosamente conhecida como Igrejinha. A obra, inspirada em um chapéu de freira, foi projetada por Niemeyer em 1958. O trabalho mais conhecido de Athos Bulcão, o painel de azulejos que simboliza a pomba do Espírito Santo descendo à Terra e a Estrela da Natividade, enfeita a fachada do prédio.
Na residencial da 308 Sul, vá direto ao bloco F. É lá que está o espelho d’água com carpas, parte do projeto de Burle Marx. Aproveite para admirar os prédios – a parte de trás deles é ocupada por cobogós. E os pilotis, inspirados no Catetinho, são coloridos por azulejos do arquiteto Marcelo Campelo.
Se quiser conhecer mais sobre esse e outros espaços de Brasília, o secretário-executivo de Turismo, Gustavo Assis, dá uma dica: “Há um Centro de Atendimento ao Turista [CAT] na quadra, próximo à Igrejinha. Lá funcionava o primeiro ponto de identificação de Brasília, local onde os pioneiros tiravam Carteira de Identidade. A unidade tem um turismólogo à disposição para dar informações”.
Vai lá!
Quadra-modelo
SQS 308, Asa Sul
Pode ser visitada todos os dias, a qualquer horário
Escala Bucólica
Já ouviu dizer que Brasília é uma cidade-parque? Pois é à escala bucólica que devemos esse título. Ela tem o papel de integrar todas as outras escalas com extensos gramados, praças, jardins, parques públicos e faixas arborizadas cheias de espécies nativas do cerrado. Até o Lago Paranoá entra nessa equação, integrando os lados sul e norte da capital.
Quem estiver disposto a fugir do circuito turístico tradicional vai encontrar uma agradável surpresa no Setor Militar Urbano (SMU), bem pertinho do Eixo Monumental. É a Praça dos Cristais, um projeto de Burle Marx. O artista plástico se inspirou nos cristais do município de Cristalina (GO) para fazer as peças de concreto que despontam do grande espelho d’água.
“Nasci em Brasília e moro aqui desde então, há 45 anos. Não tem lugar em que eu encontre mais paz do que nesta praça”, garante Paulo Renato Cunha. O servidor público levou o amigo Gabriel Benevides para conhecer o local e ficou satisfeito diante do encantamento da visita. “Realmente é uma sensação de calma que a gente encontra em poucos lugares”, assegura o goiano.
Vai lá!
Praça dos Cristais
Quartel General do Exército, Setor Militar Urbano (SMU)
Aberta para visitação todos os dias, a qualquer horário
Confira o vídeo:
Fora do Plano
A Casa do Cantador é o único projeto de Oscar Niemeyer que foi parar fora do Plano Piloto. Chamada de Palácio da Poesia e da Literatura de Cordel, a construção fica em Ceilândia, cidade que concentra um grande número de imigrantes nordestinos.
“Nosso mestre Oscar Niemeyer nos deu esse presente, um marco da cantoria nordestina em pleno Planalto Central”, comemora Manoel de Sousa Rodrigues, o Zé do Cerrado, gerente da Casa do Cantador. “A casa foi inaugurada em novembro de 1986 e já recebeu a visita de grandes nomes, como Luiz Gonzaga, Patativa do Assaré e Ivanildo Vila Nova.
O espaço dedicado a ritmos como repente, cantoria de viola, vaquejada e forró tem 5 mil m². “Temos um anfiteatro com 300 lugares, diversas salas reservadas para projetos ocupacionais ligados à música, uma cordelteca”, enumera Zé do Cerrado.
Vai lá!
Casa do Cantador
QNN 32, Área Especial, Ceilândia Sul
De segunda a sexta-feira, das 8h às 18h (nos dias de eventos noturnos, abre conforme horário da programação)
(61) 3378-5067
casadocantador@cultura.df.gov.br
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Fonte: Agência Brasília