Por Correio Brasiliense/ Foto Divulgação – 26/04/2018

Assédio sexual no ambiente universitário é a temática do documentário Nós por nós. Dirigido por Isabela Graton e Mariana Bitencourt, estudantes de jornalismo da Universidade de Brasília, a produção é composta por depoimentos de estudantes, professoras e profissionais da universidade sobre o tema.

O trabalho será exibido pela primeira vez fora do universo acadêmico, nesta quinta-feira (26/4), durante o 2º Festival de Cinema do Paranoá, que ocorre no Centro de Desenvolvimento e Cultura do Paranoá, o CEDEP. “É legal levar o Nós por nós para fora da UnB, levar essa realidade para pessoas que não sabem o que acontece lá dentro. Causa reflexão em outros ambientes”, afirma Isabela Graton. No evento, o documentário Nós por nós concorre na Mostra Competitiva Distrital e Cidades do Entorno, que tem como prêmio principal uma quantia de R$ 3 mil, além de um troféu.

“O assédio é uma temática bem recorrente para a gente, principalmente depois do assassinato da Louise Ribeiro (estudante assassinada em um laboratório da universidade em 2016)”, conta Isabela. Ela revela que o assunto faz parte do cotidiano das mulheres dentro da universidade e, por isso, foi inspiração para a criação do documentário. “Ele nasceu de uma inquietação pessoal”, explica a estudante.

Em 11min35 de duração, Nós por nós conta com uma série de entrevistas e depoimentos de mulheres que têm a Universidade de Brasília como parte do cotidiano. Isabela e Mariana colheram declarações de estudantes sobre experiências pessoais vividas dentro da universidade. “Conversamos com elas sobre como elas se sentem, se elas acham que a UnB combate o assédio”, explica Isabela. Além disso, o trabalho mostra diálogos com integrantes de coletivos feministas da universidade e entrevistas com representantes de órgãos que cuidam dessa temática dentro da UnB.

Nós por Nós – Teaser from Saulo Dal Pozzo on Vimeo.

Um dos objetivos do Nós por nós é mostrar que o assédio é recorrente dentro da Universidade de Brasília. “Não tem muito material sobre assédios dentro das universidades. Percebi que o Nós por nós tem sido muito didático, porque mostra que existem formas de combater o problema”, conta Isabela.

Produção independente

Realizado de forma totalmente independente, o documentário começou a ser produzido em novembro de 2017. Além de Isabela e Mariana, outros dois amigos ajudaram nas gravações e na edição do projeto. “Como jovens, somos pouco valorizados. É muito massa quando mulheres jovens conseguem ser atuantes sobre temas tão importantes”, explica Mariana Bitencourt, 21 anos.

A estudante explica que projetos independentes, como esse, costumam abordar temáticas que não são recorrentes entre trabalhos que têm apoio de empresas e organizações. “Entre a galera que tem dinheiro, essa pauta não é debatida. A ideia de ser independente é justamente sair da caixinha e de padrões, de uma forma totalmente nossa”, acrescenta Mariana.

Nós por nós faz parte de um projeto das estudantes: o canal Ruídos que deve ser lançado em breve no YoutTube. A proposta é produzir diversos minidocumentários sobre temas sociais em Brasília. “A gente quer dar voz para quem não está na mídia”, explica Isabela.

Serviço

Exibição do documentário Nós por nós

2º Festival de Cinema do Paranoá

Quinta-feira (26/4), às 19h30, no Centro de Desenvolvimento e Cultura do Paranoá – CEDEP (Q.9, Cj. D, Paranoá). Não recomendado para menores de 12 anos. Entrada franca.