A reutilização da água e a colheita da cana-de-açúcar crua, sem queima, já resultaram em uma redução de 52% no consumo de água pela indústria sucroalcooleira no estado de São Paulo. Como resultado, a safra 2022/2023, cultivada em uma área de 5,8 milhões de hectares, é uma das mais sustentáveis da última década. De acordo com um levantamento realizado pelo programa Etanol Mais Verde, em colaboração com 127 usinas e associações participantes, a quantidade de água necessária é de apenas 0,74 metros cúbicos por tonelada de cana crua processada. No início da série histórica, na safra 2010/2011, o consumo de água era de 1,52 metros cúbicos por tonelada.
Por meio de uma parceria estabelecida entre a Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e a Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA), o programa Etanol Mais Verde tem proporcionado benefícios ambientais significativos, inclusive em relação às emissões de gases poluentes. Segundo o programa, durante o mesmo período, foram evitadas emissões de 12,2 milhões de toneladas de CO2 e 73,8 milhões de toneladas de outros poluentes atmosféricos, equivalentes à poluição gerada por 214 mil ônibus circulando ao longo de um ano. A safra atual é a segunda consecutiva a não empregar queimadas antes da colheita.
“A implementação de medidas consistentes, como a reutilização da água e a colheita sem queima, resulta em benefícios concretos tanto ambientais quanto econômicos”, avalia a secretária Natália Resende. “Dentro dessa abordagem de políticas públicas, o papel regulador do estado permite que tais iniciativas sejam sustentáveis ao longo do tempo e alcancem um impacto multiplicador”, acrescenta a secretária, referindo-se a outro resultado positivo decorrente das ações do programa Etanol Mais Verde: o aumento das áreas cobertas por vegetação em matas ciliares.
Os dados revelam que na safra 2010/2011, foram plantadas 4,5 milhões de mudas, abrangendo uma área total de 5,8 mil hectares de mata ciliar. Na safra atual, por outro lado, a área experimentou um crescimento contínuo e exponencial, atingindo a marca atual de 31,2 mil hectares, com um plantio médio de 2,6 milhões de mudas. Esse número total representa a preservação de 8.172 nascentes e cerca de 139 mil hectares de mata ciliar. “O programa incentivou o setor produtivo a se comprometer ainda mais com o meio ambiente, passando a enxergar a sustentabilidade como um investimento vantajoso”, avaliou Rafael Frigério, responsável pela Coordenadoria de Fiscalização e Biodiversidade da Semil.
Programa Etanol Mais Verde
O programa foi estabelecido voluntariamente em 2007, por usinas e fornecedores de cana-de-açúcar, em colaboração com o Governo do Estado de São Paulo, com o propósito de promover o desenvolvimento sustentável do setor e enfrentar os desafios da mecanização da colheita canavieira. Anualmente, as usinas participantes enviam documentos de acompanhamento para demonstrar o cumprimento das normas técnicas de sustentabilidade.
As diretrizes técnicas estabelecidas pelas usinas e pelos produtores de cana incluíam a eliminação da queima, a conformidade com o Código Florestal Brasileiro, a proteção e restauração das áreas ciliares, a preservação do solo e a reutilização da água. O programa abrange, também, a utilização dos subprodutos da cana-de-açúcar, a implementação de medidas de proteção da fauna, a prevenção e combate a incêndios florestais, e diversas outras ações.
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