O mundo superou oficialmente na madrugada desta terça-feira (29/09) a marca de um milhão de mortes por covid-19 desde que o novo coronavírus foi detectado na China, em dezembro passado. Mais cedo, o planeta ultrapassou a marca oficial de 33 milhões de casos de covid-19, segundo dados da universidade americana Johns Hopkins,
Nos quase nove meses desde que a primeira morte pela doença foi oficialmente declarada na China, em 11 de janeiro, a crise provocou uma acentuada crise econômica pelo mundo, instabilidade política, a imposição de medidas de distanciamento social e uma corrida pelo desenvolvimento de uma vacina eficaz. Nas últimas semanas, países europeus que haviam sido duramente afetados pela doença entre março e abril, vêm observando um novo aumento acentuado de casos.
O número de mortos no mundo dobrou nos últimos três meses. Em 28 de junho, eram 500 mil mortos. Em 10 de abril, 100 mil.
Já a cifra de infecções declaradas em nível global triplicou desde o fim de junho, quando o planeta contava com 10 milhões de casos.
Os Estados Unidos continuam a ser o país mais afetado pela pandemia, tanto em número de mortos (205.085) quanto de casos (7.149.073). Em seguida aparece a Índia, com cerca de 6,1 milhões de casos. O país asiático, no entanto, aparece em terceiro em número de mortes, atrás do Brasil. Contabiliza pouco mais de 96 mil mortes, contra 142.058 do país sul-americano.
O Brasil, por sua vez, terceiro em número oficial de casos, diagnosticou a doença em 4,7 milhões de pessoas, mas especialistas alertam que a cifra no país é seguramente bem mais alta, por causa da falta de testes em larga escala.
Ao longo da pandemia, o Brasil adotou uma estratégia muita vezes errática para combater a pandemia, com o governo do presidente Jair Bolsonaro deliberadamente desestimulando medidas de distanciamento social e apostando em soluções sem base científica, como a promoção da hidorxocloriquina, e espalhando desinformação sobre o vírus. A política levou o país à sexta posição no ranking mundial de mortes por 100 mil habitantes, ou quarta, se forem desconsiderados países nanicos como San Marino e Andorra.
Juntos, EUA e Brasil respondem por 35% do total de mortes pela doença no mundo que foram oficialmente identificadas. Para efeito de comparação, os dois países somadas representam apenas 7% da população do planeta.
Assim como o Brasil, a liderança americana também adotou uma abordagem que minimizou os efeitos do coronavírus, estimulando que as pessoas voltassem ao trabalho mesmo quando as mortes estavam em crescimento acelerado.
Após a divulgação do registro de 1 milhão de mortes, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, lamentou o que classificou como “marca agonizante” no número de mortos provocados pela covid-19 e exortou a sociedade a aprender com os erros para superar a pandemia.
“O mundo deve lamentar hoje um número terrível: a perda de um milhão de vidas como resultado da pandemia da covid-19”, disse Guterres numa mensagem vídeo.
“Eram pais e mães, mulheres e maridos, irmãos e irmãs, amigos e colegas”, disse o secretário-geral.
Guterres também disse que embora o fim da pandemia ainda não esteja à vista, o mundo pode “superar este desafio”, mas que para que isso aconteça as pessoas devem “aprender com os erros”.
“A liderança responsável é essencial. A ciência é importante. A cooperação é importante. A desinformação mata”, advertiu. “Embora nos lembremos de tantas vidas perdidas, nunca esqueçamos que o nosso futuro depende da solidariedade: como povo unido e como nações unidas”, concluiu.
JPS/lusa/ots