A área técnica do Tribunal de Contas da União (TCU) identificou indícios de uso indevido de recursos públicos para promoção pessoal do presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Ricardo Cappelli, pré-candidato ao Governo do Distrito Federal pelo PSB. O entendimento consta em manifestação que defende o conhecimento de uma representação que aponta desvio de finalidade na utilização de contratos de publicidade da agência.
O parecer foi apresentado pela 4ª Diretoria Técnica do TCU, que sugeriu conceder prazo de 15 dias para que a ABDI se manifeste sobre os indícios levantados. O caso agora está sob análise do relator, ministro Bruno Dantas, que deverá elaborar voto e encaminhar o processo para apreciação do plenário da Corte. Não há prazo definido para o julgamento.
Contrato de publicidade sob suspeita
A representação foi apresentada pelo deputado distrital Daniel de Castro (PP), que sustenta que, após a posse de Cappelli na presidência da ABDI, a agência passou a utilizar contratos institucionais de publicidade para ações que extrapolariam o interesse público, com foco direto na promoção pessoal do dirigente.
Segundo a denúncia, o contrato de publicidade teria recebido um aditivo de 25%, elevando o valor total para cerca de R$ 8,1 milhões, montante que, de acordo com o parlamentar, teria sido usado para fortalecer a imagem pública de Cappelli em meio ao cenário pré-eleitoral no Distrito Federal.
Uso da máquina e antecipação eleitoral
Nos bastidores políticos, o caso é visto como mais um exemplo do uso da estrutura do Estado para viabilizar projetos eleitorais pessoais, prática recorrente e duramente criticada em períodos pré-eleitorais. A suspeita de desvio de finalidade ganha peso pelo fato de Cappelli já ser tratado como nome em construção para a disputa ao Palácio do Buriti em 2026, o que levanta questionamentos sobre isonomia, moralidade administrativa e abuso de poder político.
Especialistas em direito público apontam que, caso fique comprovado que ações institucionais foram utilizadas para autopromoção, o episódio pode gerar responsabilização administrativa, além de impactos no campo eleitoral, sobretudo no debate sobre uso da máquina pública e propaganda antecipada.
ABDI terá de se explicar
Com a manifestação técnica favorável ao prosseguimento da apuração, a ABDI será chamada a esclarecer se as campanhas financiadas com recursos públicos respeitaram os princípios da legalidade, impessoalidade e interesse público, previstos na Constituição.
O avanço do processo no TCU amplia a pressão política sobre Cappelli e adiciona um novo elemento ao tabuleiro da sucessão no Distrito Federal, num momento em que o discurso contra privilégios e aparelhamento do Estado volta ao centro do debate político.
