Medo e angústia foram alguns dos sentimentos que Leidson Adeis Izidro Nascimento, 34 anos, experimentou após sofrer um acidente de moto há dois meses. Ele colidiu na traseira de um ônibus depois de um momento de desatenção. Graças ao atendimento rápido e eficiente, mesmo em tempos de pandemia da covid-19, no Hospital de Base (HB), o jovem foi salvo e hoje pode dar seu relato de conscientização durante o Maio Amarelo, campanha internacional que alerta sobre perigos e cuidados no trânsito.

“Hoje só consigo ser grato e dar mais valor para a minha família. Tive a oportunidade de viver de novo”, conta o jovem. Ele ficou internado por mais de 30 dias — sendo sete deles intubado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e 23 dias, já consciente, na Enfermaria do HB.

Mesmo em baixa velocidade, o impacto causou uma lesão no abdômen e no baço do motociclista, além de lesionar os joelhos e gerar um sangramento na veia aorta. “Fui olhar rapidamente para uma escola que estava em construção e, quando olhei para frente, tinha um ônibus. Não consegui desviar e acabei colidindo com o veículo”, relembra. “Fui levado em estado gravíssimo ao HB”, completa.

Os segundos de desatenção no trânsito poderiam ter colocado Leidson na estatística de vítimas fatais no DF. Segundo levantamento do Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF), foram registradas 8.336 casos de pessoas que evoluíram para óbito em acidentes de trânsito na capital federal, de 2000 até abril de 2021.

Sequelas  

Apesar de ter sobrevivido, mesmo após a alta hospitalar, Leidson não consegue mais andar normalmente e, até hoje, recebe acompanhamento no Ambulatório de Fisioterapia do HB, a cada 15 dias para recuperar os movimentos da perna. “Mesmo tendo uma recuperação considerada rápida pela equipe médica, hoje só consigo andar com muletas. Isso porque a reabilitação de um acidente de trânsito é um processo lento. As sequelas são muito graves”, chama a atenção.

Atendimentos no HB 

Os acidentes de trânsito representaram 24,87% de causas de atendimentos na Sala Amarela da Unidade de Trauma do Hospital de Base (HB) em 2020, segundo balanço divulgado pelo Serviço de Medicina do Trauma do HB, hospital administrado pelo Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IGESDF). Em pleno ano da pandemia do coronavírus, período em que muitas pessoas reduzem as saídas de casa, dos 9,7 mil acidentados atendidos na sala para casos de média complexidade da unidade, mais de 2,4 mil foram por esses motivos.

Desse total de vítimas de trânsito atendidos no HB, 998 foram lesionadas por colisões de carro. Outros 588 atendimentos vieram de acidentes envolvendo motos, seguido de 398 atropelamentos. Os 494 atendimentos restantes foram causados por colisões entre bicicletas e outros veículos, além de capotamentos.  

De acordo com o levantamento do HB, a faixa etária que representa o maior número de pacientes traumatizados no trânsito fica entre 18 e 40 anos, representando 64% dos atendimentos. O dia que se presta mais assistência é a sexta-feira, entre 13h e 19h.

“Esses adultos evoluem para sequelas irreversíveis, restritas por conta das sequelas dos traumas”, aponta o médico Renato Diniz Lins, chefe do Serviço de Medicina do Trauma do HB, que chama a atenção para a prevenção de acidentes graves. “Quanto menos pessoas desconcentradas ou alcoolizadas circulam nas ruas, menos acidentes de trânsito”.

Fotos: Arquivo Pessoal

Texto: Thais Umbelino / Ascom IGESDF