O mês de setembro, também chamado de setembro amarelo, por trabalhar a temática da prevenção ao suicídio, tem sido de grande importância à sociedade, despertando para esta triste realidade, tão presente em tempos atuais e abrangendo todas as classes sociais.
Segundo a Organização Mundial da Saúde[2], a cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio no mundo. No Brasil[3], uma pessoa comete suicídio a cada 45 minutos. Mortes por suicídio são devastadoras às famílias e podem ser evitadas.
Em tempos atuais, em que vivemos uma pandemia dentro da outra (Covid-19, violência doméstica e suicídio), é preciso que se atente ainda para esta tríplice pandemia, já que, em virtude da Covid-19, houve aumento dos casos de violência doméstica e suicídio.
Um ponto que merece destaque e até mesmo um estudo mais profundo, é o suicídio de mulheres. Pesquisas[4] indicam que, embora os homens cometam mais o suicídio, as mulheres o tentam duas vezes mais.
Mulheres precisam de uma atenção especial, principalmente as que estão em situação de violência doméstica, familiar e íntimas de afeto.
Previstas na Lei 11.340/06, em seu artigo 7º, as violências que acometem as mulheres em seu ambiente privado são: psicológica, moral, sexual, patrimonial e sexual.
A mulher que se encontra em situação de violência doméstica, familiar e íntima de afeto, precisa de amparo e não de julgamentos. Ela já sofre em demasia e precisa de cuidados, acolhimento e atenção.
Além das violências previstas na Lei 11.340/96, é preciso atentar ainda para outras práticas de violência: as cometidas no meio virtual.
Aliás, em tempos em que a informação se propaga em imensurável velocidade, é preciso atentar não somente às mulheres adultas, mas principalmente às meninas-mulheres: as adolescentes.
Essas meninas-mulheres, cada vez mais, são vítimas virtualmente de crimes de violência sexual, tendo seus corpos expostos sem anuência, causando danos não só a elas, mas a toda sua família.
Crimes virtuais, tais como revenge porn, slut shame, cyberstalking e até mesmo o estupro virtual, têm destruído sonhos e famílias. Adolescentes, principalmente do gênero feminino, têm sido cada vez mais vítimas de suicídio, em decorrência da exposição dos seus corpos e intimidades. Segundo dados da OMS, o suicídio é a segunda principal causa de mortes entre jovens do gênero feminino, com idades entre 15 e 19 anos.
Tem-se falado cada vez mais sobre violência contra a mulher, mas pouco ou quase nada se fala sobre mulheres que põem fim à própria vida por terem sido submetidas a algum tipo de violência, seja no âmbito privado ou público.
Segundo informação do Centro de Valorização da Vida – CVV, houve a constatação que 83% das mulheres vitimadas pelo suicídio ou feminicídio já haviam sido expostas a algum tipo de violência anteriormente, ou seja, a violência sofrida pelas mulheres foi determinante para a morte violenta.
Todo tipo de morte violenta deve ser investigada, e aí se inclui o suicídio. Identificar o motivo pelo qual a mulher pôs fim à própria vida pode ajudar a salvar outras mulheres.
É preciso incluir nas políticas públicas para mulheres, principalmente as que estão ou estiveram em situação de violência, a prevenção ao suicídio.
Pesquisas[5] indicam que as mulheres até os 59 anos de idade têm 151,5% de chance de morrer vítimas de suicídio ou feminicídio.
Com relação às idosas, dados fornecidos pelo CVV informam que, no caso de mulheres com mais de 60 anos de idade, que tenham sido submetidas a algum tipo de violência prévia, elas têm 311 vezes mais chance de morrer vítimas de feminicídio ou suicídio, o que é bastante alarmante.
Muitas mulheres vítimas de violência não conseguem enxergar “uma luz no fim do túnel”, são menosprezadas pela sociedade, principalmente quando são vítimas de constrangimentos sexuais.
Mulheres sofridas, envergonhadas, humilhadas, com baixa autoestima, são as maiores vitimas de suicídio, que erroneamente, o enxergam como o único remédio capaz de aliviar todo o sofrimento, vergonha e humilhação que estão sentindo.
Mulheres que não desejam realmente morrer, mas que querem se livrar do sofrimento que estão sentindo!
Tammy Fortunato
Advogada OAB/SC 17.987