Os trabalhadores industriais que atuam em áreas ribeirinhas da Amazônia vão contar com uma nova estrutura de saúde. Trata-se da embarcação Saúde Conectada – Copaíba. A unidade vai disponibilizar cuidados prioritários, como doenças crônicas, saúde mental e auxílio no combate ao tabagismo e à obesidade.

O barco é movido a energia solar e tem a operação neutra em emissão de carbono. A iniciativa foi capitaneada pelo Serviço Social da Indústria (SESI), em parceria com o Ministério da Saúde e o Conselho Nacional do SESI (CN-SESI).  

Copaíba – o nome dado à embarcação – faz referência à árvore amazônica medicinal conhecida como “antibiótico da mata”. Como dispõe de conectividade via satélite, a unidade oferece serviços como teleconsultas, telediagnóstico, exames e acompanhamento multiprofissional em fluxo de referência com as redes locais de saúde.

Os beneficiários também têm acesso à atenção primária, exames laboratoriais, eletrocardiograma, eletroencefalograma, audiometria e espirometria. Entre os profissionais que vão atuar no atendimento estão médicos, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas e educadores físicos.

Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA), Alex Carvalho, a parceria envolvida no projeto contribuiu para um avanço relevante na ideia de levar atendimentos de saúde a localidades mais remotas do país.

“É fruto de uma união, na qual cada um trouxe não só uma parcela de contribuição técnica, estrutural, mas também muita emoção. Contamos com uma indústria genuinamente brasileira, na tecnologia embarcada, nos motores de propulsão, energia renovável não poluente. Temos muitas indústrias espalhadas ao longo dos nossos rios. Então, de certo que isso vai cumprir um papel fundamental na chegada de uma saúde de qualidade”, destaca.

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O SESI-PA será o operador desses serviços. “Haverá tanto parcerias com secretarias de estado quanto municipais de saúde. Também haverá atuação das empresas que têm operações junto a essas comunidades”, explica o superintendente de Saúde e Segurança na Indústria do SESI, Emmanuel Lacerda.

A iniciativa foi lançada nesta sexta-feira (14), no Terminal Hidroviário de Tamandaré, em Belém, em meio às atividades da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30).

O evento de lançamento também contou com a presença do ministro da Saúde, Alexandre Padilha; do diretor-superintendente do SESI, Paulo Mól; e do presidente do CN-SESI, Fausto Augusto Junior.

Foco na realidade da Amazônia

A unidade foi desenvolvida em parceria com a Universidade Federal do Pará (UFPA). Construída para atuar especificamente na Amazônia, a embarcação tem 15 metros de comprimento, 6 de largura e duas cabines de atendimento.

A definição dessas dimensões levou em conta as especificidades da região, que conta com grandes distâncias, sazonalidade dos rios e dispersão geográfica das comunidades.

Na avaliação do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, a iniciativa é estratégica, já que os atendimentos são voltados para populações que vivem onde o atendimento é historicamente limitado. “É um barco adaptado para chegar às pequenas comunidades, operando com energia solar, manejo adequado de resíduos e zero emissão de carbono”, afirma.

O diretor superintendente do SESI, Paulo Mól, considera que esse processo de integração fortalece a equidade no acesso à saúde. “Quando se tem um atendimento por barco, levando atendimento de barco às populações ribeirinhas, isso é dar cidadania, é fazer com que, de fato, a saúde chegue”.

12 linhas prioritárias de cuidado

O modelo foi estruturado com o intuito de atender, de forma prioritária, empresas, trabalhadores da indústria e seus familiares. Porém, há possibilidade de expansão para outros setores, como comércio e agronegócio.

Foram identificadas 12 linhas de cuidado prioritárias. São elas:

  1. Diabetes
  2. Hipertensão
  3. Dor lombar
  4. Eventos cardiovasculares
  5. Acidente Vascular Cerebral (AVC)
  6. Cefaleia
  7. Transtornos de ansiedade,
  8. Transtornos do sono
  9. Obesidade e sobrepeso
  10. Tabagismo
  11. Depressão
  12. Prevenção e rastreamento de cânceres mais letais ou incapacitantes

Vale destacar que essas condições poderão ser monitoradas à distância pela plataforma, o que possibilita acompanhamento contínuo, intervenções oportunas e manutenção da capacidade laboral.

Na avaliação do presidente do Conselho Nacional do SESI, Fausto Augusto Junior, o projeto inaugura uma nova etapa na organização da saúde na região. “A proposta é ampliar a presença da saúde nos territórios, fortalecer a prevenção e garantir que o cuidado chegue a quem vive e trabalha em áreas de difícil acesso”, pontua.

Atendimentos serão feitos em Belém até o fim da COP30

A embarcação deverá permanecer no Píer Tamandaré, em Belém, até 21 de novembro, das 8h às 20h, com atendimentos, exames e ações de orientação em saúde para trabalhadores da indústria e comunidades ribeirinhas selecionadas.

Em seguida, a Saúde Conectada – Copaíba seguirá roteiros programados pelos parceiros por diferentes localidades da região amazônica, com monitoramento contínuo das condições de saúde pela plataforma digital.
 

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