O projeto Cultura na Faixa realizará, na próxima segunda-feira (17/11), às 14h, a roda de conversa “Respeito em rede. Uma conversa necessária sobre bullying e cyberbullying”, voltada aos educandos do território do Weda, em Itaguaí (RJ).
A atividade busca ampliar a conscientização sobre as diferentes formas de violência escolar e digital, promovendo uma cultura de empatia e respeito entre crianças e adolescentes.

A condução será da psicopedagoga Nilmara Coimbra Juvenal, mulher negra, pedagoga e integrante da equipe técnica da Secretaria de Assistência Social de Itaguaí, com experiência em abrigos infantil e infantojuvenil. Nilmara também colaborou com a Secretaria Municipal de Educação e Cultura, contribuindo na implantação de equipamentos culturais da cidade.

O encontro pretende oferecer ferramentas seguras e eficazes para que os jovens saibam identificar, intervir e buscar ajuda em situações de bullying e cyberbullying, transformando-se em agentes de uma cultura de acolhimento.
Segundo Geraldo Bastos, gerente de Recursos Humanos e Mobilização Social do projeto, a proposta é que “esses jovens reconheçam o impacto de suas palavras e atitudes, dentro e fora das redes, e compreendam o poder do respeito como ferramenta de transformação coletiva”.

O debate ganha relevância diante do crescimento dos casos no país. Dados do Ministério da Educação indicam que, em 2024, foram registradas 2.935 ocorrências de bullying e cyberbullying entre vítimas de 0 a 19 anos — sendo 15,7% exclusivamente digitais. Pesquisas mostram ainda que 13% dos adolescentes entre 13 e 17 anos já sofreram agressões virtuais, sobretudo meninas e estudantes da rede pública.

O cyberbullying abrange insultos, ameaças, exposição de informações privadas e disseminação de conteúdos falsos. Desde 2024, o Código Penal brasileiro tipifica o cyberbullying como crime, reforçando a responsabilidade de escolas e instituições no combate à violência digital.

No Jardim Weda, o tema ganha contornos ainda mais urgentes. Um levantamento do Cultura na Faixa aponta que 87% dos jovens atendidos se autodeclaram negros, sendo 55% pardos e 32% pretos. Pesquisas nacionais revelam que adolescentes negros estão entre os mais expostos a episódios de violência simbólica e racismo, agravados pela vulnerabilidade social e pela falta de suporte psicológico.

Além disso, 67% dos inscritos são meninas, grupo que lidera os índices de cyberbullying, segundo o MEC. A maioria vive há mais de cinco anos no bairro, região marcada pela carência de equipamentos públicos e espaços seguros de convivência.
Nesse contexto, o projeto torna-se essencial como espaço de diálogo, escuta e formação cidadã.

Para Walter Mesquita, gerente do projeto, a ação reforça o compromisso da iniciativa com o fortalecimento comunitário.

“O Weda é um território de resistência. Promover debates como esse é abrir espaço para que jovens possam se reconhecer como sujeitos de direitos, com voz ativa na construção de relações mais humanas e seguras”, afirma.

O Cultura na Faixa é uma realização da ONG Se Essa Rua Fosse Minha (SER), por meio de convênio com a Transpetro, e oferece oficinas de circo social, trança afro, futebol e folia de reis desde outubro de 2024. O projeto atua na promoção de arte, cultura e cidadania em territórios populares de Itaguaí e Nova Iguaçu, com foco na prevenção de riscos sociais e fortalecimento de vínculos comunitários.