O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta sexta-feira (12) a sétima edição do Sistema de Informações e Indicadores Culturais (SIIC), com dados referentes ao período de 2013 a 2024. O levantamento revela que o Distrito Federal é a unidade da federação com maior participação proporcional do setor cultural, além de registrar avanços significativos no acesso à internet, no consumo de bens culturais e no turismo de lazer.

O SIIC reúne estatísticas que permitem compreender a cultura como dimensão social, econômica e simbólica, analisando tanto a evolução estrutural do setor ao longo de uma década quanto os impactos da pandemia de Covid-19 e o processo de recuperação nos anos seguintes.

Setor cultural tem maior peso proporcional no DF

De acordo com o Cadastro Central de Empresas (Cempre/IBGE), 9% das unidades locais do Distrito Federal, o equivalente a 17.080 estabelecimentos, atuavam no setor cultural em 2022 — o maior percentual entre todas as unidades da federação.

O setor empregava 46.544 trabalhadores assalariados, representando 3,9% do total de pessoas ocupadas, com salário médio mensal de R$ 5.119, acima da média nacional.

As chamadas atividades culturais centrais concentravam 64% das unidades locais e 47,9% dos trabalhadores assalariados, enquanto as atividades periféricas respondiam por 36% dos estabelecimentos e 52,1% dos empregos, evidenciando a diversidade da cadeia cultural no DF.

Gastos públicos com cultura crescem, mas perdem participação no orçamento

Entre 2013 e 2023, os gastos públicos com cultura no Distrito Federal cresceram 36,9%, passando de R$ 234,4 milhões para R$ 321 milhões. Apesar do aumento nominal, a participação da cultura no orçamento total do governo local caiu de 1,35% para 0,84%.

Mesmo com a retração proporcional, o DF manteve uma das maiores participações do país em despesas culturais, ficando atrás apenas do Amazonas e do Pará.

Em 2023, os governos estaduais brasileiros destinaram R$ 5,7 bilhões à cultura, sendo R$ 321 milhões provenientes do Governo do Distrito Federal, o que representou 5,6% do total nacional.

DF tem um dos maiores níveis de acesso à internet do país

O levantamento também destaca o papel da tecnologia no acesso à cultura. Em 2024, o Distrito Federal registrou 95,9% da população com acesso à internet, uma das maiores taxas do Brasil, atrás apenas de poucos estados.

Entre pessoas com 10 anos ou mais, 93,1% possuíam telefone celular com acesso à internet, um crescimento de 11,3 pontos percentuais em relação a 2016.

As principais finalidades culturais do uso da internet no DF em 2024 foram:

  • Assistir a vídeos, filmes e séries: 92,5%

  • Ouvir músicas, rádio ou podcasts: 89,8%

  • Ler jornais, livros ou revistas online: 79,3%

  • Jogos digitais: 39,7%

Mudança no consumo audiovisual e avanço do streaming

O estudo aponta mudanças importantes no consumo de conteúdo audiovisual. O percentual de moradores em domicílios com televisão de tela fina passou de 82,5% em 2016 para 95,2% em 2024.

Por outro lado, o acesso à TV por assinatura caiu de 51,7% para 35,8% no mesmo período. Já o streaming de vídeo, investigado a partir de 2022, alcançou 15,6% dos moradores do DF em 2024, mostrando crescimento gradual, ainda marcado por desigualdades de acesso.

Turismo cultural e de natureza ganha destaque

No módulo de turismo da PNAD Contínua, o IBGE analisou viagens de lazer com foco em cultura, gastronomia e natureza. Em 2024, moradores do Distrito Federal realizaram:

  • 31 mil viagens de cultura e gastronomia

  • 44 mil viagens de natureza, ecoturismo ou aventura

Essas viagens representaram 47,5% do total de deslocamentos de lazer, que somaram 158 mil no ano. Em comparação com 2023, houve uma redução de 4,2% no número total de viagens de lazer.

O DF se destacou nacionalmente em viagens de natureza, com 14,7 viagens por mil habitantes, o maior índice do país, seguido por São Paulo e Goiás.

Cultura como vetor econômico e social

Os dados do SIIC reforçam o papel estratégico da cultura no Distrito Federal, não apenas como expressão artística e identidade social, mas também como geradora de emprego, renda e dinamismo econômico, especialmente em um contexto de transformação digital e retomada pós-pandemia.