A sessão plenária do Tribunal de Contas do DF, realizada na última quarta-feira (24), foi dominada pela repercussão das falas do presidente do sindicato que representa os servidores da Câmara Legislativa e do Tribunal de Contas do DF (Sindical), Victor Lúcio Figueiredo.
Durante assembleia da categoria, no dia 18 de setembro, os servidores questionaram Vitor sobre a lei que criou o auxílio-transporte para auditores do TCDF. Num primeiro momento, ele disse desconhecer o projeto, aprovado em 2024. Pressionado, acabou reconhecendo a existência da norma e, endurecendo o discurso, acusou o ex-presidente do TCDF, Márcio Michel, de ter “enfiado um jabuti goela abaixo na Câmara”. Essa e outras declarações acabaram compiladas em um vídeo que chegou às mãos dos membros da Corte.
O tom irônico e as falas controversas geraram reação imediata. Em plenário, o desembargador Márcio Michel rebateu: “Fiquei estarrecido com o que eu vi e ouvi em um vídeo de um sindicalista… Eu fiquei muito estarrecido ao ver o presidente falar que nós colocamos um jabuti. Eu acho que ele não sabe o que é jabuti, porque tudo o que foi feito, foi feito às claras”, disse.
Já o conselheiro Paulo Tadeu preferiu citar Raul Seixas: “Tem uma música do Raul Seixas que ele fala: ‘Parem o mundo que eu quero descer’. As coisas estão invertidas”, destacou. Outros membros da Corte como o presidente Manoelzinho, Anilcéia Machado, Ignácio Magalhães e André Clemente — também se manifestaram em tom crítico às falas do sindicalista. (vídeo)
Diante da repercussão, o Sindical divulgou nesta quinta-feira (25) uma nota assinada por Victor. No texto, ele afirma que o vídeo teria sido manipulado e descontextualizado, com finalidade política. A assembleia havia sido transmitida ao vivo pelo canal do sindicato no YouTube, mas, após a polêmica, a gravação foi retirada do ar.
O Blog da Cris, no entanto, teve acesso ao vídeo completo, no qual as falas do presidente do Sindical vão além do que foi levado ao plenário: menções ao presidente da Câmara Legislativa, Wellington Luiz, e expressões como “mais uma vez o Tribunal de Contas sacaneou com a gente (sic)” escancararam ainda mais a crise. (vídeo)
O episódio ganha peso extra porque o Sindical está em pleno período eleitoral. Vitor era apontado como candidato natural à recondução, mas, em gesto inesperado, talvez cedendo a pressões de colegas de diretoria, anunciou que não disputará. A turbulência expôs divisões internas e deixou a base inquieta.