Blog) Na Câmara dos Deputados, a Sr.ª conseguiu adiantar a comemoração do Dia da Mulher com a criação da Comissão Externa, que vai tratar de perto os crimes contra as mulheres. Existe uma estrutura para acolhimento e prevenção incluída nessa comissão?

Flávia: Sem dúvida a aprovação, por unanimidade, da criação da Comissão foi importante para mostrar que a Câmara está escutando esse grito de socorro de cada mulher que é vítima.  Ela também mostra a força da bancada feminina, com 77 parlamentares, e a capacidade de união em torno de uma pauta que olha para as necessidades da população independentemente de partido e ideologia de cada uma. Em relação à estrutura da Comissão, ela terá um papel fundamental de traçar um raio-x de como está sendo feito o acolhimento e a prevenção desses casos em todo país.  Sabemos que em cada local há uma realidade diferente, mas é importante criar um protocolo nesses atendimentos.

Blog) A disparidade salarial entre homens e mulheres ainda é constante no mercado de trabalho. A Sr.ª já pensou em algum projeto de lei, que ajude no reconhecimento da mulher no mercado de trabalho?

Flávia: Não acho que é uma questão de lei, mas de quebra de preconceito que vem com a atuação de cada uma de nós.

Blog) Lei Maria da Penha, disque denúncia, botão do pânico, criminalização do feminicídio e, mesmo assim, a violência contra a mulher cresce no DF e em todo Brasil. Quais medidas faltam ser tomadas para a redução dos crimes contra a mulher?

Flávia: Infelizmente estes casos viraram uma epidemia, que tem que ser combatida! Leis como Maria da Penha e Feminicídio demonstram um grande avanço. O que precisamos fazer é fiscalizar que estes casos estejam sendo tratados pelo poder público da forma adequada. Vemos os números crescendo, em parte, porque encorajamos esta mulher a denunciar. Mas a partir daí ela tem que ser acolhida. Desde o momento que chega para fazer um boletim de ocorrência, no IML durante um exame, em algum abrigo, se não puder voltar para casa… acolher e acompanhar até o momento em que a justiça julgue o caso e ela se sinta segura e amparada. Este trabalho conjunto mostrará também que não há espaço para impunidade e desrespeito.

Blog) A Casa da Mulher está em reforma. O Governador Ibaneis garantiu que reabrirá a estrutura para atendimento das vítimas. Qual a sua visão em relação ao atendimento da Casa da Mulher e o que pode ser acrescentado?

Flávia: Eu me preocupo muito com a falta de atendimento da Casa da Mulher. No governo Arruda tínhamos as casas abrigo ligadas a uma rede de serviços públicos. Tenho conversado com mulheres que pedem uma ampliação do atendimento e mais atenção nesta questão. É uma demanda importante e que tenho debatido com a secretária da Mulher, Ericka Filippelli, com o secretário de Desenvolvimento Social, Eduardo Zaratz, e o próprio governador Ibaneis. Terão todo meu apoio para que o atendimento seja restabelecido e ampliado.

Blog) O DF tem uma Delegacia da Mulher na Asa Sul. Existe alguma conversa sua com o Governador para descentralizar esse atendimento para outras cidades do DF?

Flávia: A Delegacia da Mulher é uma unidade fundamental neste combate à violência contra a mulher. Fui pessoalmente visitar na semana passada a equipe que é referência para outros estados no atendimento, investigação e toda condução dos casos. Existem projetos de criação de mais unidade, criação de núcleos dentro das delegacias existentes. Caberá ao governador e à corporação estudarem qual será o melhor modelo.

Blog) Flávia, qual o sentimento de se tornar uma mulher empoderada no parlamento? Já que você ocupa o lugar de Deputada Federal mais bem votada.

Flávia: É com muita gratidão, mas também com muita responsabilidade que iniciei meu mandato. Os desafios são enormes, mas estou na política para lutar para que as pessoas vivam com dignidade, tenham seus direitos respeitados e, principalmente as mais vulneráveis, sejam ouvidas. É com esse sentimento que seguirei trabalhando muito.

Blog) Ainda existe machismo na política em relação à mulher que ocupa o poder. O que você tem a dizer a essa minoria?
Flávia: Claro que existe. Às vezes disfarçado, mas existe. É uma questão cultural. Mas a mulher brasileira tem combatido isso com trabalho e ocupação de espaços. Temos que lembrar que até 80 anos atrás a mulher sequer poderia votar, muito menos ser votada. A mulher começa a ocupar espaços na política e no mercado de trabalho nos últimos 50 anos, e a cada dia estamos avançando.
Cris Oliveira