THALES DE MENEZES – SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O maior karaokê da Terra está de volta ao Brasil. O inglês Paul McCartney fez 45 mil pessoas cantarem hinos do rock na noite desta terça-feira (26), no Allianz Parque, em São Paulo. Foram quase três horas de show.
Aos 76 anos, ele parece dormir numa banheira de formol. A voz segue forte, sem fraquejar em nenhum momento, o preparo físico é invejável e o rosto está rejuvenescido com correções cirúrgicas bem precisas.
Os integrantes da banda que o acompanha nesta década são em média 25 anos mais jovens do que ele, mas começam a parecer mais velhos na comparação com o patrão.
O show abriu a oitava turnê do ex-Beatle ao Brasil, na primeira de três datas da “Freshen Up Tour”. As outras são na quarta (27), no mesmo Allianz Parque, e no sábado (30), em Curitiba.
Para aquela que seria sua vigésima quinta apresentação no país, Paul fez apenas pequenas alterações no repertório que leva habitualmente para a estrada. Em relação às últimas visitas, intensificadas desde 2010, com 20 shows de lá para cá, a novidade estava em algumas canções de seu 18º álbum solo, “Egypt Station”, lançado no ano passado.
+ Nando Reis faz primeira turnê solo na Europa e promete hits da carreira
O cantor escolheu quatro faixas do disco: três bons rocks, “Who Cares”, “Come On to Me” e “Fuh You”, e, como não poderia deixar de ser, “Back in Brazil”.
Nesta canção homenagem ao país que visita agora, ele mostra que até os gênios caem nos clichês. A música é uma bossa sacudida, sambinha para inglês ver, e some no meio dos clássicos que foram tocados antes e depois.
Além de ser o maior hitmaker do planeta, Paul sabe tudo de costurar um roteiro de show. Nos primeiros 90 minutos no palco, desfila canções da carreira solo, outras gravadas com o Wings, grupo que montou nos anos 1970, e poucas músicas do Beatles, até algumas menos conhecidas, se é possível dizer isso quando se trata do quarteto.
Claro que “I’ve Got a Feeling” e “Got to Get You into My Life” são recebidas com empolgação, diante de uma plateia de convertidos, mas os urros surgem mesmo com “Love Me Do” e “Blackbird”. Para os veteranos fãs de carteirinha, há o prazer de ouvir até uma canção pré-Beatles, “In Spite of All the Danger”, da época do Quarrymen, grupo embrião da banda famosa.
O show segue agradável e vibrante, conduzido pelos textos engraçadinhos em português que Paul faz um esforço danado para falar. Então, depois de 21 músicas que já valeriam o dinheiro do ingresso, “Lady Madonna” e “Eleanor Rigby” disparam adrenalina pelo estádio, para uma segunda parte delirante.
+ José Loreto fará Sidney Magal nos cinemas
“Something”, dedicada a George Harrison, emociona e abre espaço para a sequência de seis monumentos roqueiros que vão encerrar o show, antes do bis: “Ob-La-Di, Ob-La-Da”, “Band on the Run”, “Back in the U.S.S.R.”, “Let It Be”, “Live and Let Die” e “Hey Jude”, esta cantada por qualquer ser humano dentro do estádio.
Além desse aumento gradativo da voltagem do show, deixando as mais adoradas para o final, Paul acerta ao alternar canções simples, como “From Me to You”, e obras complexas como “Band on the Run”, com suas três partes de andamento variado, funcionando na arena como uma suíte grandiosa.