Enquanto os delegados se reúnem na COP30, em Belém (PA), uma pesquisa da KPMG revela um consenso crescente entre líderes empresariais de que a inteligência artificial (IA) será decisiva para acelerar a transição energética.
Segundo o levantamento, 96% dos mais de 1.200 executivos entrevistados, de 20 países — incluindo o Brasil —, acreditam que a energia limpa poderá atender à crescente demanda provocada pela IA. Além disso, 87% afirmam que a tecnologia é fundamental para que suas empresas atinjam as metas de emissão líquida zero de gases de efeito estufa.
A sócia-líder de ESG da KPMG no Brasil e nas Américas, Nelmara Arbex, avalia que o papel da IA no contexto climático deve ganhar protagonismo nesta edição da conferência:
“A inteligência artificial está cada vez mais presente e ajuda a melhorar processos e implementar soluções em todos os setores. Para que esse avanço ocorra em meio à crise climática, a aposta em energia renovável precisa ser definitiva. Embora o tema tenha sido secundário na COP29, este ano ele deve estar entre os mais debatidos — e isso é positivo”, destacou Arbex.
Desafios e barreiras
Apesar do otimismo, a pesquisa aponta desigualdade no progresso da transição energética, principalmente por barreiras estruturais, políticas e financeiras. Cerca de 33% dos entrevistados citaram as limitações da infraestrutura elétrica e os atrasos em licenças e obras como riscos significativos.
Outros 75% consideram que os formuladores de políticas públicas estão avançando lentamente, o que cria incertezas e retarda investimentos. O financiamento também aparece como um obstáculo importante: 37% dos produtores de energia e 33% dos consumidores apontaram os altos custos e a falta de recursos como os principais entraves à expansão das fontes limpas.
O sócio-líder de energia e recursos naturais da KPMG no Brasil e na América do Sul, Manuel Fernandes, ressalta que a combinação entre IA e energia limpa será um dos temas centrais da cúpula:
“Com a COP30, grande parte das discussões se concentrará em 2030 e na corrida para atingir as metas de emissões líquidas zero. A IA tem um papel crucial nesse processo. As empresas que superarem esses desafios até 2027 terão uma vantagem competitiva duradoura”, afirmou.
Sobre o estudo
A pesquisa, intitulada “A dupla promessa da IA: possibilitar resultados climáticos positivos e impulsionar a transição energética” (AI’s dual promise: Enabling positive climate outcomes and powering the energy transition), foi conduzida entre agosto e setembro deste ano com 1.202 executivos de empresas dos setores de energia, tecnologia e data centers. O estudo abrangeu 20 países, entre eles Brasil, Austrália, Canadá, França, Alemanha, Japão, México, Suíça, Reino Unido e Estados Unidos.
