Adriana Machado, da Ascom – SSP/DF
Mesmo diante do cenĂĄrio de pandemia, a eficiĂȘncia das Policias nas prisĂ”es em flagrante relacionadas a violĂȘncia contra a mulher aumentou 8,3% durante os meses de março e setembro, com 2.115 prisĂ”es. No mesmo perĂodo do ano passado ocorreram 1.952. Os dados referem-se aos flagrantes realizados pelas PolĂcias Civil e Militar do DF (PCDF e PMDF). O aumento das prisĂ”es, as ampliaçÔes das campanhas de incentivo e dos canais de denĂșncia sĂŁo medidas que vĂȘm trazendo Ăłtimos resultados, contribuindo com uma redução de mais de 50% dos casos de feminicĂdios no DF.
âDiante de todos os ajustes necessĂĄrios por conta da pandemia, o trabalho policial nĂŁo parou â pelo contrĂĄrio, a produtividade de nossas forças de segurança aumentou, e seguimos com protocolos adaptados Ă nova realidadeâAnderson Torres, secretĂĄrio de Segurança PĂșblica
âDiante de todos os ajustes necessĂĄrios por conta da pandemia, o trabalho policial nĂŁo parou. Pelo contrĂĄrio, a produtividade de nossas forças de segurança aumentou e seguimos com protocolos adaptados Ă nova realidade. Implementamos medidas importantes como a nova delegacia da mulher, ampliamos as visitas do programa de Prevenção Orientado Ă ViolĂȘncia DomĂ©stica e Familiar (Provid), da PolĂcia Militar e demos mais acesso Ă denĂșncia por parte da população com a delegacia eletrĂŽnica. Com isso, a PolĂcia teve mais possibilidades de intervir e impedir que crimes mais graves, como o feminicĂdio, viessem a ocorrerâ, avalia o secretĂĄrio de Segurança PĂșblica, delegado Anderson Torres.
97%dos casos de violĂȘncia contra a mulher ocorrem dentro da residĂȘncia da vĂtima ou do autor
O nĂșmero de ocorrĂȘncias relacionadas Ă violĂȘncia domĂ©stica apresentou decrĂ©scimo de 5% no acumulado de janeiro a outubro deste ano em comparação a igual perĂodo de 2019, com o total de 13.209 registros. Os casos envolvem violĂȘncia fĂsica, moral a psicolĂłgica, patrimonial e a financeira. Um estudo detalhado feito pela Secretaria de Segurança PĂșblica (SSP/DF) revela que, nos primeiros nove meses deste ano, quase que a totalidade dos casos (97%) ocorreram dentro da residĂȘncia da vĂtima ou do autor.
O estudo mostra ainda que em 33,3% das ocorrĂȘncias o agressor tinha entre 18 e 30 anos. Em 32,1% tinham idade entre 31 e 40 anos e em 19,3% entre 51 e 60 anos. A maioria dos agressores (90,1%) era do sexo masculino e 9,9% do total eram do sexo feminino. JĂĄ a maior parte das vĂtimas tinham entre 18 e 30 anos – em 35,9% dos casos. Na sequĂȘncia eram mulheres entre 31 e 40 anos (28%) e entre 41 e 50 anos, 17,2%.
A violĂȘncia moral e psicolĂłgica, que diz respeito Ă injĂșria, difamação, ameaça e perturbação da tranquilidade, liderou as ocorrĂȘncias (81,2%) entre as demais violĂȘncias especificadas pela Lei Maria da Penha. Algumas ocorrĂȘncias podem registrar mais de um tipo das naturezas criminais. Desta forma, do total de registros, a violĂȘncia patrimonial esteve em 40,45% das ocorrĂȘncias. A violĂȘncia fĂsica em 53,4% e a sexual em 1,9% da totalidade.
O secretĂĄrio executivo de Segurança PĂșblica, delegado JĂșlio Danilo, afirma que a possibilidade do registro dos crimes de forma virtual foi uma das adaptaçÔes que contribuĂram para que os registros continuassem a ser feitos. âDesde que passou a ser possĂvel o registro online desses crimes, em abril deste ano, houve uma mĂ©dia de 2,4 ocorrĂȘncias de violĂȘncia domĂ©stica por dia na Delegacia EletrĂŽnica, da PCDF. A ampliação dos canais de denĂșncia permite um tempo de resposta mais rĂĄpido por parte da PolĂcia â, analisa.
Um outro fator contribuiu para que os registros continuassem a ser feitos: a inauguração da Delegacia Especial de Atendimento Ă Mulher II (DEAM II), que em novembro completa cinco meses de funcionamento, em CeilĂąndia. Neste perĂodo, foram contabilizadas 1.617 ocorrĂȘncias policiais â sendo a maioria por conta de violĂȘncia domĂ©stica – e 1.240 inquĂ©ritos foram instaurados.
A delegacia conta com um posto descentralizado do Instituto de Medicina legal (IML). No local, mĂ©dicos-legistas fazem o atendimento a situaçÔes de violĂȘncia sexual e violĂȘncia domĂ©stica e familiar, bem como farĂŁo avaliação de lesĂ”es corporais em situaçÔes diversas, sempre com foco nas vĂtimas, encaminhadas pela Deam II e por outras delegacias, preferencialmente de CeilĂąndia.
âTemos a missĂŁo e o dever de realizar um atendimento especializado, de excelĂȘncia, para as mulheresâAdriana Romana, titular da Delegacia de Atendimento Ă Mulher (Deam II) de CeilĂąndia
âTemos a missĂŁo e o dever de realizar um atendimento especializado, de excelĂȘncia, para as mulheres. A delegacia Ă© uma reivindicação da população local, que Ă© uma das regiĂ”es mais carentes, sob o aspecto social, no DF e concentra os maiores Ăndices de registro de ocorrĂȘncias policiais no Ăąmbito da Lei Maria da Penha. Os policiais foram capacitados para este tipo de atendimento especĂficoâ, conta a titular da DEAM II, delegada Adriana Romana.
9.520NĂșmero de visitas feitas pelo Programa de Prevenção Orientada Ă ViolĂȘncia DomĂ©stica (Provid)
Outro serviço prestado Ă s vĂtimas de violĂȘncia sĂŁo as visitas dos policiais que integram o Programa de Prevenção Orientada Ă ViolĂȘncia DomĂ©stica (Provid), da PMDF. O programa tem como objetivo prevenir, inibir e interromper o ciclo da violĂȘncia domĂ©stica. Entre janeiro e agosto, foram feitas 9.520 visitas a vĂtimas e familiares.
âMuitas denĂșncias sĂŁo de ameaças. A partir do conhecimento do fato, o policial realiza o atendimento e entende do que se trata a situação. Antes de qualquer decisĂŁo, como orientĂĄ-la a registrar uma ocorrĂȘncia, conversamos com a vĂtima para que ela se sinta amparada e seguraâ, explica a coordenadora do Provid, tenente Adriana Vilela.
Medidas protetivas
O estudo realizado pela SSP/DF tambĂ©m mostra o descumprimento de 11,8% das Medidas Protetivas de UrgĂȘncia (MPU), previstas na Lei Maria da Penha, no DF. âA medida protetiva pode evitar a escalada da violĂȘncia, ou seja, que a violĂȘncia domĂ©stica possa resultar num crime mais grave, como o feminicĂdioâ, argumenta o coordenador da CĂąmara TĂ©cnica de Monitoramento de HomicĂdios e FeminicĂdios (CTMHF), delegado Marcelo Zago.
Nos nove primeiros meses deste ano houve desrespeito a 938 MPUs. Desse total, hĂĄ reincidĂȘncia no descumprimento por parte dos autores. Em 2019, no mesmo perĂodo, 839 medidas foram desrespeitadas por agressores. Desses totais, hĂĄ reincidĂȘncia no descumprimento por parte dos autores.
Edição: João Roberto
Fonte: SSP/DF