Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta reforçou neste sábado (28) a necessidade do isolamento social a fim de impedir o avanço do coronavírus no Brasil. A declaração ocorreu na coletiva de imprensa para atualizar os dados da doença no país.

— Se a gente sair andando todo mundo de uma vez, vai faltar pro rico, pro pobre — ele disse.

 Mandetta também explicou que a diminuição de circulação de pessoas nas ruas provocou queda de até 50% na taxa de ocupação de leitos de UTI, “ou seja, mais um benefício quando manda parar, além de diminuir a transmissão”.

— Há informações que nós estamos tendo de queda de até 30%, 40% até 50% do nível de taxa de ocupação dos leitos que antes estavam sendo utilizados para pessoas politraumatizadas. Mais uma razão para gente gente diminuir bastante a circulação de pessoas — afirmou.

Mandetta criticou indiretamente os apoiadores de Jair Bolsonaro que foram às ruas em carreatas nos últimos dois dias após pronunciamento em que o próprio presidente reclamou de medidas restritivas.

— Não é hora de fazer carreata. Ainda não dá para falar: liberar todo mundo para sair porque a gente não está conseguindo chegar com o equipamento just in time, como a gente precisa — justificou.

O titular da pasta da Saúde falou ainda que a doença entrou no Brasil por meio da “elite econômica” e que, por enquanto, não chegou na periferia das grandes cidades. Por isso, disse ele, o tempo para preparar o sistema público para receber possíveis casos graves é agora:

— Agora não é a hora de sobrecarregar o sistema.

A partir deste domingo (29), o Ministério da Saúde vai fazer levantamento mais “verdadeiro” e atualizado dos leitos de UTI disponíveis em todas as regiões na rede do Sistema Único de Saúde (SUS) e privada, a fim de distribuir melhor esse insumo para locais com maior número de casos confirmados de coronavírus, como São Paulo.

Ao se referir às medidas de restrição aplicadas por governadores e prefeitos, Mandetta pediu racionalidade e não movimentações por impulso. Disse que está tomando ações movido pela ciência e pela técnica, com planejamento.

— A economia é, sim, muito importante pra a saúde. Medidas de restrição de circulação têm de ser muito bem elaboradas. Para que possamos operacionalizar o abastecimento de supermercados, levar alimentos para as pessoas em comunidades. Vamos colocar algum critério, mas não é um plano do Ministério da Saúde, vamos construir um consenso — explicou.

Ministério da Saúde / Divulgação
Ministério da Saúde / Divulgação

Cloroquina não salvará a humanidade, diz Mandetta

Sobre a Cloroquina, medicamento usado para o tratamento experimental de pessoas com a covid-19 em estado grave, Mandetta disse que “não é um remédio que veio salvar a humanidade”. Ressaltou que, se não for usada com cuidado, a cloroquina pode provocar mais mortes do que o coronavírus.

Ampliando o assunto para a indústria farmacêutica, o ministro alertou que o lockdown da Índia, anunciado na semana passada, pode provocar impactos nos laboratórios do Brasil. Ele lembrou que, como todas as fábricas estão fechadas no país da Ásia, não será possível adquirir substâncias produzidas apenas por indianos e que são imprescindíveis para formulação de outros medicamentos, principalmente da diabetes.

Por fim, ressaltou que a tática de lockdown pode ser necessária no Brasil, mas que, se ocorrer agora e sem planejamento, poderia causar muitos danos. Ele afirmou que a medida do isolamento vertical – que mantém em confinamento apenas grupos de riscos e aqueles maiores de 60 anos – não é indicada no momento:

 — As crianças, muitas das vezes assintomáticas, vão voltar para casa e levar o vírus.