A amamentação é um direito de toda criança. É mais do que comprovado que a alimentação com o leite materno é crucial para o desenvolvimento saudável da criança – e também para a saúde da mulher. Entretanto, alguns cuidados devem ser observados para que a amamentação garanta todos os benefícios à saúde do bebê. Por exemplo: a mãe que vive com HIV não deve amamentar, pois o vírus pode ser transmitido para a criança durante a amamentação. Outro cuidado a ser observado: uma mulher não deve amamentar o filho de outra. Trata-se da chamada amamentação cruzada.
A médica e diretora do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, HIV/Aids e Hepatites Virais (DIAHV), Adele Benzaken, explica essas recomendações.
O que é amamentação cruzada?
É a amamentação de um bebê por outra mulher que não seja sua mãe.
Por que a amamentação cruzada é contraindicada; quais são os riscos?
O Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS) contraindicam a prática da amamentação cruzada porque ela pode oferecer risco de transmissão de vírus – como o HIV, que causa a aids, e o HTLV, um retrovírus da mesma família do HIV – para a criança durante a amamentação, além da hepatite B, pois os agentes causadores dessas doenças estão presentes no leite.
No caso das mulheres que não têm leite ou, por qualquer outro motivo, não conseguem amamentar os seus bebês, o que deve ser feito?
As mulheres que têm alguma dificuldade ou contraindicação para o aleitamento, como no caso das que vivem com HIV, devem procurar um banco de leite humano. Neles, o leite doado por outras mães passa por triagem e tratamento – o que o livra de qualquer possibilidade de transmissão de doenças ou infecções. Outra alternativa é a utilização de fórmulas lácteas como substituição ao leite materno. Os bebês cujas mães vivem com HIV têm direto à fórmula láctea, que é distribuída no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Em caso de dúvida, basta procurar um profissional ou serviço de saúde e informar-se.
Portanto, quem tem HIV ou HTLV não pode mesmo amamentar?
Os Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas para HIV recomendam que mulheres que vivam com HIV ou com HTLV não amamentem, já que esses vírus podem ser transmitidos ao bebê pelo leite materno. Essa recomendação vale também para mulheres que estejam em tratamento e tenham atingido a carga viral indetectável, já que estudos recentes demonstram que, mesmo que a carga viral seja baixa, há possibilidade de transmissão do vírus durante a amamentação.
O que é transmissão vertical?
É a transmissão dos vírus do HIV/aids, da sífilis ou hepatites virais ao bebê durante a gestação, parto ou amamentação. Por isso, recomendamos que todas as gestantes e suas parcerias sexuais sejam testadas para o HIV/aids e a sífilis, duas vezes: uma no primeiro trimestre da gestação e a outra no último trimestre. A mulher deve também ser informada sobre a possibilidade de prevenção da transmissão para o bebê. O teste e o tratamento são oferecidos gratuitamente pelo SUS – tanto para o bebê quanto para a mulher e os seus parceiros.
Texto: Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais
Foto: medimagem.com.br