A Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) produz cerca de 300 toneladas de lodo de esgoto por dia. O material retirado no processo de tratamento é rico em matéria orgânica e tem auxiliado na recuperação de cascalheiras no Distrito Federal.
O projeto será apresentado no 8º Fórum Mundial da Água, de 18 a 23 de março. O encontro internacional deverá reunir 45 mil pessoas no Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha e no Centro de Convenções Ulysses Guimarães.
Coordenada pela Caesb, a prática trouxe resultados positivos em relação a áreas exploradas pela extração de britas e rochas para a construção civil.
Na Estação de Conservação do Jardim Botânico de Brasília, no Lago Sul, o local recuperado já apresenta vegetação densa em apenas dois anos após a aplicação do lodo.
O diretor-executivo do parque ecológico, Jeanitto Gentilini, explica que o ganho com o tratamento do solo foi surpreendente. “O lodo é uma matéria-prima de altíssimo interesse”, ressaltou.
Na Estação de Conservação do Jardim Botânico de Brasília, no Lago Sul, o local recuperado já apresenta vegetação densa em apenas dois anos após a aplicação do lodo
De acordo com Gentilini, o plano de manejo da Estação Ecológica do Jardim Botânico identificou 10 hectares para serem recuperados dentro da unidade de conservação. “A gente tentou vários projetos de recuperação, mas nenhum teve um resultado tão bom quanto o obtido com o lodo.”
Melhoria do solo impacta na fauna e flora
A parceria com a Caesb resultou no tratamento de quatro áreas do Jardim Botânico com aproximadamente 2 hectares cada uma.
As três primeiras receberam o lodo no início de 2016 e já têm vegetação que passa dos 3 metros de altura. O produto devolve ao solo os nutrientes perdidos na degradação e, por isso, estimula o crescimento das plantas.
Foram plantadas 68 mil mudas nos locais de recuperação com o lodo de esgoto. O plantio mais recente ocorreu no início deste ano.
De acordo com o gerente de preservação do parque ecológico, Pedro Paulo Cardoso, a retomada da flora criou um anel verde que tem evitado a criação de focos de incêndio e a propagação do fogo na região.
“A vegetação recente possibilitou a saída dessa área do grupo de risco de incêndio. No ano passado, por exemplo, não houve nenhuma queimada dentro da estação de conservação”Pedro Paulo Cardoso, gerente de preservação do Jardim Botânico
“A vegetação recente possibilitou a saída dessa área do grupo de risco de incêndio. No ano passado, por exemplo, não houve nenhuma queimada dentro da estação de conservação. O que já é um ganho muito grande”, pontua Cardoso.
O engenheiro agrônomo e analista de sistema de saneamento da Caesb Tiago Geraldo de Lima explica que a retirada da camada fértil – no caso das cascalheiras, pela extração de britas – deixa o terreno seco e pode provocar erosões.
“A gente faz um trabalho para tornar o solo permeável, toda a água que cai fica mantida basicamente no local”, explica Lima.
Absorção hídrica nas áreas tratadas ajudou a recuperar nascentes
A absorção hídrica nas áreas tratadas favoreceu a recuperação de nascentes na região da Estação de Conservação do Jardim Botânico de Brasília.
O diretor-executivo do parque ecológico afirma que o sucesso com o lodo serve de vitrine para a utilização posterior em outras áreas. “Queremos ampliar essa parceria e utilizar esse insumo para outras finalidades, como a produção de mudas.”
Além do Jardim Botânico de Brasília, a Caesb recuperou cerca de 150 hectares de uma área de empréstimo do Exército Brasileiro. A Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal (Terracap) e o Instituto Brasília Ambiental (Ibram) também participaram do tratado.
O espaço fica entre o Setor de Abastecimento e Armazenagem Norte (SAAN), o Setor de Industria e Abastecimento (SIA), Setor Militar Urbano (SMU) e a Rodoferroviária de Brasília.
Fonte: Agência Brasília