O que mais chama a atenção nas pesquisas de opinião é a “não opinião”. Cito a recente pesquisa do Instituto O&P Brasil, para o Governo do Distrito Federal, segundo a qual 40,1% dos indagados disseram “não” a todas as opções apresentadas. Soma-se a isso os indecisos, chega-se a 49,5%, com uma magnífica margem de erro de 3,5 pontos percentuais.

Abro um parêntese para dizer que pesquisas cuja metodologia apresentam margem de erro de 2%, por vezes, mostram-se diametralmente equivocadas e tendenciosas, o que dirá essa, diante de um universo amostral arredio à própria pesquisa. Podem descartar esses números e jogá-los no lixo. Pouco significam em termos reais.

Basta dizer que todos os políticos entre Rollemberg, com 9,5%, e Alexandre Guerra, com 3%, estão tecnicamente empatados. Com a margem de erro, o primeiro poderia estar com 6%, enquanto o segundo poderia estar com 6,5% das intenções de voto. No entanto não se noticia empate técnico, mas, sim, um tendencioso escalonamento.

Daí percebermos que Alírio, Eliana e Izalci estão absolutamente no mesmo patamar. Logo o que vai definir o nome ao GDF será o diálogo, a pouca rejeição, estrutura partidária, segurança jurídica e personalidade agregadora para construir um arco de alianças, que represente um projeto real para a população.

No entanto, existe um número cristalino que, ainda que possa ter sido subjetivamente interpretado, não quer calar, que retrata a incredulidade e falta de esperança das pessoas em geral. Também pudera, o povo está cansado de apanhar e não há indicativos concretos de que haverá uma real renovação. Sabem por quê?

Peço para que refutem o seguinte paradoxo diante do “financiamento público” de campanha, considerando as assertivas abaixo:

Não existe democracia interna em todos os partidos políticos, sendo muitos deles de natureza cartorial.

Se muitos partidos, não todos, são a extensão da cozinha de seus presidentes, não é natural concluir que haverá a privatização do financiamento que deveria ser “público” em prol de uma renovação autêntica que inspirasse a participação da população incrédula?

Veja que interessante, exatamente os partidos mais envolvidos na Lava Jato, têm grandes bancadas na Câmara Federal porque roubaram, lavaram dinheiro e receberam propina nas últimas eleições. Está nos autos! E estão sendo aquinhoados com montantes vultuosos do financiamento “público” de campanha. Parece piada de mal gosto daquelas de que o crime não só compensa, recompensa.

Agora vem o cenário mais nefasto e podre. Lembram daqueles 51 milhões, em dinheiro vivo, do Geddel? Pois é… Quantos dinheiros dessa natureza não estão esperando para serem lavados na campanha de 2018 para referendar mandatos de quem rouba, para continuar roubando? E mais, existe a efetiva possibilidade de algum dos donos de cartórios partidários por “laranjas” para concorrer a cargos eletivos p embolsar parte do dinheiro que deveria ser público superfaturando notas de serviços, por exemplo.

Diante dessa perspectiva, fica muito improvável a tão almejada renovação política e o consequente ânimo na esperança do povo por dias melhores. *Lembrando que o Estado tende a situação de insolvência caótica e muito será exigido do próximo mandatário do Distrito Federal.

E quando percebo a velha política querendo “mordiscar o Poder” para ”roer o osso” do cadáver orçamentário insepulto que são as contas públicas, fico deveras preocupado.

É exatamente isso que essa pesquisa traduz de forma inquestionável quando denota o enorme desânimo de cerca de 50% das pessoas que não acreditam nesse sistema.

Em parte, isso explica o fenômeno daqueles que bradam desesperadamente por uma intervenção militar, que jamais será o caminho para uma sociedade civilizada e avançada. Afinal, a quem cabe a tutela da vida em sociedade? A todos nós!

 

Por Mauro Rogério.