Por Cris Oliveira

A Câmara Legislativa do Distrito Federal dará posse à sua 9° legislatura com um perfil de parlamentares diferenciado da última legislatura que acaba neste sábado, 31 de dezembro de 2022.A Casa do Povo, dessa vez, terá  deputados distritais que militam por causas sociais e que convivem na base, como o deputado Max Maciel, nascido em Ceilândia, que tem como promessa trazer a periferia para o centro das discussões, e Rogério do Morro Santa Cruz, que tem base concretizada em São Sebastião. Dessa vez a CLDF terá menos empresários da segurança privada, que dominaram a Casa nós últimos mandatos. As mulheres também ganharam mais representatividade. Teremos quatro deputadas distritais que já atuam como grandes líderes, como a Delegada Jane Klebia (Agir), que conhece de perto a luta pelo enfrentamento da violência contra mulheres no DF e está acostumada a enfrentar o machismo estrutural, caso ele venha ocorrer nesta legislatura. As categorias de servidores públicos também consolidaram representatividade forte na Casa.Outra situação que caracteriza a atuação da nova legislatura, é o crescimento da esquerda que chega com a moral de ter elegido o mais bem votado parlamentar da história da CLDF, o  deputado Fábio Félix (PSOL), reeleito com 51,792 votos. O PT-DF, partido do presidente eleito Lula, elegeu três novos parlamentares e reelegeu, pela quinta vez, o deputado Chico Vigilante. PT e PSOL atuarão unidos e devem contar com o apoio da deputada do PSB, a enfermeira Dayse Amarildo.Em 1º de janeiro, os parlamentares tomarão posse às 9h no plenário da CLDF. A  eleição da Mesa Diretora acontecerá no mesmo dia, após a posse do Governador Ibaneis Rocha e da Vice Celina Leão, no auditório da Casa.Por unanimidade, o Mdebista, deputado Wellington Luiz, deverá ocupar, por dois anos, a presidência da Mesa Diretora, podendo ser reeleito para um novo mandato de mais dois anos. A vice-presidência foi costurada para o deputado distrital Ricardo Valle do PT. Ambos já ocuparam a cadeira no legislativo local e voltam para a CLDF, com uma boa experiência para tocar a Casa e sua estrutura. Diferente da legislatura passada, nessa a esquerda já tem seu lugar na Mesa Diretora.As diferenças na construção da estrutura do Executivo e do Legislativo local poderão dar um choque na gestão de Ibaneis. No primeiro mandato do governador, a construção da estrutura do GDF seguiu bem alinhada à Mesa Diretora da CLDF, que trabalhou em conjunto com a bancada do DF no Congresso, por sua vez, bem alinhada ao Governo Federal.  A nova Mesa Diretora da Câmara Legislativa, composta pelo MDB na presidência e o PT na Vice-Presidência, poderá – com o tempo  – influenciar na construção do primeiro e do segundo escalão do GDF, já anunciado pelo Governador Ibaneis para compor o novo Governo.Os indicados para os cargos no Executivo não têm mesmo perfil de união que os partidos MDB e PT deverão ter na Presidência da República, no Congresso Nacional e na Câmara Legislativa, o que poderá travar um pouco a vida do Governador na construção com o novo Presidente da República, já que os petistas do DF são alinhados com a política nacional do PT. A briga política vivenciada diariamente nas ruas do DF após a derrota do Presidente Jair Bolsonaro deverá acontecer nas extremidades dos Poderes Legislativo e Executivo, não só no DF, mas em todo Brasil.

Mesmo formando a maioria na CLDF, Ibaneis terá que enfrentar a guerra entre a esquerda e o bolsonarismo que se consolidou no DF, trazendo para a Capital um cenário preocupante.De cara, a indicação de nomes Bolsonaristas para as Secretarias de Segurança e da Agricultura, que comandarão o Agronegócio e a Segurança Pública no DF, já deram ao PT um cenário de indigestão com o governo de Ibaneis, dificultando o diálogo com os deputados de esquerda. Por outro lado, a permanência de um Bolsonarista na Secretaria de Segurança Pública do DF traz tranquilidade ao governo de Ibaneis em relação às categorias da Segurança, que têm uma boa parcela de servidores simpatizantes de Jair Bolsonaro que, mesmo perdendo as eleições, deixou uma marca forte principalmente nos militares.No Congresso Nacional, MDB e PT já estão deixando para trás as mágoas do passado. A previsão de tempos de paz entre PT e MDB deverá refletir no DF com o tempo, trazendo um declínio futuro na construção do primeiro e do segundo escalão do GDF, anunciada neste momento pelo governador Ibaneis, que precisará somar e dividir cargos entre aliados de hoje e futuros aliados . Diferente do mandato constituído em 2019, o DF terá uma boa briga de ideologias partidárias deixando o cenário político instável  assim que os trabalhos começarem.