Blog da Cris) Por que o Sr. resolveu entrar na política e concorrer à cadeira de deputado federal pelo DF?

R: Na minha carreira de quase 30 anos na PM nunca havia pensado nessa possibilidade, mas ao assumir o comando da Corporação, ocupando o cargo máximo de gestão, percebi ao longo do tempo, que nossos maiores desafios estão alicerçados em problemas legislativos e isso precisa, de forma direta, da intervenção da Câmara Federal, já que nossas leis da Segurança Pública no DF e outras áreas, como educação e prevenção, são majoritariamente leis federais. Com isso, percebi a importância de termos no Congresso, um representante que conheça nossa instituição e a Segurança Pública, nossos problemas e a legislação, podendo contribuir de forma direta na solução dos problemas que afligem nosso efetivo, nossa instituição e a população de Brasília.

Blog da Cris) Por que escolheu o partido MDB para se candidatar?

R: Acho que o partido acabou me escolhendo, na verdade. Foi o que abriu as portas para mim e que teve o alinhamento necessário para viabilizar essa pré-candidatura no momento em que a janela para a desincompatibilização da função que ocupava já estava praticamente no limite final previsto na lei.

Blog da Cris) O Sr. se considera pronto para entrar na política e quem sabe assumir essa cadeira no Congresso Nacional?

R: Tenho, como disse, quase 30 anos de serviço público, com passagens durante essa carreira no Governo Federal, na Presidência da República; no Governo do Distrito Federal, na Governadoria; na Secretaria de Segurança Pública, em funções de gestão, entre outras funções na própria PM. Ao longo da carreira, de forma consciente, me preparei para assumir funções importantes que culminaram com o cargo mais alto da PMDF, o Comando-Geral. Sempre tive a certeza que o preparo ao qual você se refere é a soma dos conhecimentos e experiências que nós temos ao longo da carreira, da nossa vida, até chegar aqui, acrescentada aos conhecimentos e experiências que ainda virão, já que nunca, ninguém, é tão experiente que não tenha absolutamente nada a aprender, no meu entendimento. Talvez o caminho político seja cercado de requisitos subjetivos que levam um candidato a aprender novos conhecimentos, que é meu caso e de todos aqueles que escolheram esse caminho em suas primeiras decisões, mas a vontade e determinação em ajudar a segurança e nossa comunidade a representar o DF me movem com a certeza de que estou preparado e aprenderei rápido o que for necessário.

Blog da Cris) Cel. Vasconcelos, temos visto alguns atritos entre professores e policiais militares nas escolas em gestão compartilhada, o Sr. acha que, por estarmos em ano eleitoral, os atritos entre policiais e professores podem ocorrer por questões de ideologia política?

R: Podem acontecer sim, mas temos que ter muita cautela para afirmar isso. O caso específico que tem reverberado no DF envolvendo o CED 01 da Estrutural, cuja gestão disciplinar é de responsabilidade da PMDF, mostra como posições individuais não podem estar acima do coletivo e como é necessário o fortalecimento do diálogo e da parceria entre os órgãos do Estado, que tem como objetivo trazer melhorias de serviços dos aparelhos públicos para a população. As escolas de gestão compartilhada são um projeto, uma política pública, cujo objetivo é a promoção da cidadania, incentivo à cultura de paz, prevenção da violência, resgate do civismo e foco na disciplina e no respeito, tudo isso aliado à parceria com a parte educacional promovida pela Secretaria de Educação.
Não é um projeto da PMDF ou do CBMDF, muito menos uma tentativa de militarizar as crianças, jovens e adolescentes, mas um projeto que busca oferecer à comunidade onde essas escolas estão inseridas, um modelo que busca a melhoria do ambiente escolar, familiar e da comunidade, focado no respeito, na disciplina e em valores cívicos, com a presença de militares da PM e do Corpo de Bombeiros, que fazem essa gestão da disciplina se adentrar na área educacional e contribuem com a melhoria da segurança nessas escolas.

Blog da Cris) Em algumas brigas entre alunos nas escolas, foram encontradas armas, muitas vezes facas. O Sr. acredita que a polícia presente nas escolas inibe o cometimento de crimes entre adolescentes?

R: Não tenho nenhuma dúvida. A presença de um militar, seja do bombeiro ou da polícia militar, levam às escolas um aumento significativo da sensação de segurança, e do próprio monitoramento dos alunos pelo comportamento e permite que os alunos sejam estimulados a exercer a autodisciplina, na certeza de que estão sendo acompanhados de perto por agentes da segurança pública que os conhecem e os ajudam. Essa proximidade e acompanhamento inibe a conduta negativa e a posse desses instrumentos e armas.

 

Blog da Cris) O feminicídio tem crescido assustadoramente no Brasil e no DF. Que tipo de política pública deve ser adotada para evitar a morte de mulheres?

R: Esse é crime horrível. Na maioria dos casos, o agressor está dentro de casa, o que dificulta uma prevenção mais efetiva, pois ele convive e executa suas ações no ambiente privado e longe dos olhos das pessoas, dentro da esfera de convívio das vítimas. Entendo que o recrudescimento das punições para esse tipo de crime seja uma das ações que precisam ser levadas a termo. Políticas públicas que promovam o incentivo da denúncia diminuindo a cifra negra que ainda existe pelo medo da vítima denunciar o agressor, que protejam e acolham as vítimas e que punam com rigor os agressores, devem ser implementadas para que esse tipo de crime seja combatido no nosso país.

 

Blog da Cris) Quais foram os benefícios alcançados pelos Policiais Militares do DF durante o governo Ibaneis Rocha?

R: Posso citar muitos, sobretudo na gestão em que estive à frente do comando. Tivemos uma recomposição salarial no fim de 2019; houve o ingresso de quase 2000 novos policiais entre oficiais e praças no período de 2019 até os dias atuais, diminuindo o déficit de efetivo existente; adquirimos equipamentos para nosso efetivo, como as novas pistolas CZ 9mm, tivemos várias promoções de oficiais e praças, fruto das diminuições dos interstícios homologados pelo Governador; saímos de 01 para 05 hospitais credenciados para atender o Policial Militar e sua família, no atendimento de urgência e de emergência; iniciamos obras de construção e reforma de quartéis e estruturas administrativas que estavam paradas há muito tempo, enfim, muita coisa foi realizada graças ao entendimento e autorização do Governador. Temos muitos desafios ainda naturais de uma instituição do tamanho da PMDF e que precisam ser enfrentados, como a reestruturação da carreira e que tenho certeza de que será enviada pelo Governador ao Governo Federal.

Blog da Cris) Com que tipo de suporte e equipamentos a PMDF atua hoje? Temos uma polícia bem equipada?

R: Temos sim. Em termos gerais possuímos uma estrutura e infraestrutura de suporte ao policial compatível com as atividades operacionais e administrativas dos nossos policiais. Somos uma polícia com excelente formação, dotada de equipamentos, viaturas modernas e ergonômicas, estamos tecnologicamente bem em comunicação, inteligência policial e análise criminal, mas não podemos descuidar. Precisamos constantemente evoluir e acompanhar as renovações tecnológicas e mudanças sociais e não podemos parar no tempo nos acomodando. Melhorias nos equipamentos e infraestrutura devem acompanhar essa caminhada e devem ser objeto sempre de atenção e investimento.

 

Blog da Cris) O DF registrou, em 2021, o menor índice de crimes contra a vida dos últimos 41 anos. Qual a sua avaliação a respeito dessa redução de crimes no DF?

 

R: Entendo que isso se deve a uma soma de fatores. Emprego científico do Policiamento baseado em análises das manchas criminais e das naturezas de ocorrência, que direciona os efetivos ao problema no local,  hora e circunstâncias específicas; emprego da inteligência policial de forma orientada para as ocorrências; uso de tecnologia como monitoramento,  ferramentas de comunicação; ações Integradas entre os órgãos do sistema de segurança pública e outros órgãos do GDF etc.
Mas sem dúvida alguma, a peça chave continua sendo o homem e a mulher atrás da farda, pois são eles que usam, interpretam e operam essas ferramentas e o trabalho deles, sobretudo da PMDF na prevenção, foi fundamental para que esses números fossem atingidos.

 

Blog da Cris) Como ficou resolvida a questão do Plano de Carreira da PMDF?

R: Essa é uma demanda que há anos tem sido requerida pelos nossos policiais, pois nossa principal legislação, a Lei 12.086/09, possui muitas imperfeições que precisam de urgente revisão. No nosso período de comando houve a construção de uma proposta que foi encaminhada ao GDF e o novo comando resgatou para fazer a inserção algumas propostas novas. Acredito que muito em breve será enviada ao GDF e nós temos a promessa do Governador que, avaliada pela equipe, será remetida ao Governo Federal. Por isso a importância de termos representantes no Legislativo Federal, para que propostas como essa, de alterações legislativas, possam ter defensores, articuladores entre os parlamentares, que permitam o seu trânsito e aprovação.

Blog da Cris) Qual seria a melhor política pública para mudar a vida do menor infrator?

R: É outro assunto que precisa ser debatido. Temos legislação específica que trata da criança e do adolescente no nosso país que precisam de um olhar atento e de proteção do Estado, mas é necessário criar condições e oportunidades para que nossas crianças e adolescentes sejam afastados de janelas que possam cooptá-los para o crime e para a infração penal. Temos que ter programas efetivos de prevenção: sociais, educacionais, psicológicos, que atraiam esses menores ocupando seu tempo com atividades produtivas, lúdicas, profissionalizantes e educacionais. Cuidar e afastar os menores das infrações penais e dos criminosos é investir no futuro da nossa sociedade evitando a criação de cidadãos adultos com desvios de comportamento que os tornem potencialmente criminosos ou infratores da lei.

 

Blog da Cris) É difícil ser policial no Brasil? O Sistema Penal tem grandes falhas. Como deputado federal, o que o Sr. poderá fazer para mudar essa realidade?

R: Ser policial no nosso país é, talvez, uma das profissões mais difíceis e perigosas que podemos ter. Temos uma sociedade que precisa de segurança e cobra isso, mas que, de forma geral, não apoia seus profissionais e não reconhece seu trabalho. Muito por conta da atuação midiática maciça que insiste em valorizar as ações criminosas transformando o bandido, muitas vezes, em vítima da sociedade e o policial em vilão, quando cumpre seu serviço e atua na repressão. Entendo que nossa legislação tem sido interpretada no judiciário com cada vez mais rigor, imposição de deveres e restrições ao trabalho policial e do agente da lei representando o Estado e criando cada vez mais direitos e facilidades para o transgressor da lei e para o bandido. Uma inversão de valores que tem causado grandes impactos na segurança, pois os agentes de segurança, por receio de punições e de responderem processos judiciais por suas ações, acabam se omitindo ou agindo com menos compromisso em razão desse receio. As leis devem e deveriam proteger a ação do policial dando a ele a segurança jurídica necessária para que ele atue sem se descuidar da responsabilização em casos de excessos, mas, na prática, vemos uma chuva de restrições, punições e falta de proteção jurídica para os policiais e de direitos e de benefícios para os bandidos. Uma reforma em vários pontos do sistema penal e do sistema prisional é urgente no meu entendimento.