Aprendi cedo, em uma pregação de um famoso bispo, que “terra conquistada” não se divide. Na política também é assim. Aquilo que foi conquistado por meio da luta não pode se abrir mão facilmente. Isso só ocorre se for para ter algo melhor. Não se perdem direitos e garantias, somente se ampliam conquistas antigas.

As vezes tenho me silenciado para não parecer que existe divisão em nosso meio, mas hoje falarei muita coisa que está atravessada na garganta, principalmente sobre reestruturação, salário e alguns pontos sensíveis de nossa Corporação.

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Infelizmente ainda somos um “hibrido” de militares e polícia, nosso “mimetismo institucional” ainda está mais para os militares do que para as polícias. Por isso nossa limitação em ver outro mundo. Em resumo, ainda somos mais militares que policiais. Basta ver nossa legislação, e alguns já querem que lutemos por uma equiparação com o Ministério Público e outras carreiras, acredito que a política é como uma escada, tem que subir degrau, por degrau.

Está na hora de “voltarmos” para a “terra”. Antes de queremos “imitar” outras carreiras que não sejam “próximas” da nossa (polícia ou militar), devemos nos tornar policiais. Particularmente acredito que devemos “imitar” o processo da Polícia Civil e da Polícia Federal, se olharmos a legislação deles, mesmo sendo civis é bem parecida com a nossa, a diferença é que eles optaram pela desmilitarização culturalmente e procuraram mudar suas normas. Buscaram salário e fluidez em suas carreiras. Em um determinado ponto até criaram a carreira de delegados, de policiais civis e de policiais federais. Precisamos aprender com eles.

Uma de nossas conquistas foi a criação do serviço voluntário, para disciplinar nossa carga horária e diminuir nossa “escravidão”. Quem quer ganhar mais trabalha mais, quem quer folgar mais, folga mais. Algo justo, copiado por outras polícias e instituições! Outra conquista interessante foi a ampliação do QOPMA, chegando até o posto de Major. Precisamos avaliar se é interessante para nós extinguirmos tal quadro hoje. Não seria melhor ampliá-lo?

Algumas ideias mirabolantes começam a surgir no afã de nos dar um “cala boca” e das associações darem uma resposta a categoria. Uma delas é “distribuir” o valor do voluntário entre todos os policiais, assim como foi feito com o “rancho”. Particularmente, não vejo vantagem. Como disse, não podemos abrir mão de conquistas. Existem outras gratificações que poderiam ser aumentadas ou criadas, tipo auxílio alimentação equiparado com o poder legislativo, auxílio moradia digno, auxilio transporte ou qualquer outra gratificação com outro nome que o governo quiser criar, não me interessa o nome, interessa o dinheiro na conta. Falando em dinheiro, a diferença média entre o salário de um policial civil e um policial militar é de R$ 3.000,00 (três mil reais). Aí está o ponto de partida para o governo resolver nosso problema! Não sei a maioria, mas equiparação com a Polícia Civil e outras categorias da Secretaria de Segurança Pública já seria um bom começo para minimizar os problemas na pasta!

Depois de conversar com amigos, colegas e ver minha conta bancária, o que resolve nosso problema em curto prazo é um salário digno, ou seja, equiparação com outras categorias da secretaria de segurança pública e a médio e longo prazo é fluidez na carreira, ou seja, chegar aos quinze anos de serviço na classe especial da carreira profissional (salarialmente e funcionalmente falando). Poucos têm coragem de dizer a verdade, mas o que resolve nosso problema hoje é salário, “dindin”, “dinheiro”, “prata”, “grana”, o resto é politicagem. Aumento real de salário, não “cala boca” de duzentos ou quinhentos reais! Não podemos negar, nos  últimos anos perdemos poder compra e prestígio. Se fôssemos uma empresa eu diria que a grande maioria faliu. Continuarei em silêncio para não atrapalhar, mas tem algumas questões que não dá pra silenciar!

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Fonte: Blog Aderivaldo Cardoso Políciamento Inteligente