Os empresários do Rio de Janeiro estão preocupados com a falta de moedas no comércio. Na Kalunga, por exemplo, o gerente Leandro Ferreira, de 31 anos, conta que já teve que colocar placas de “troque sua moeda conosco”, quando atuava em uma das lojas localizadas dentro de um shopping center.

— Agora que eu trabalho em loja de rua, percebo que há muitas compras em débito e crédito, porque as pessoas têm medo de andar com dinheiro. Então, falta troco ocasionalmente — contou.

Apesar da prática de dar troco ao cliente em forma de balinhas ser muito comum, é necessário lembrar que substituir trocados por um produto é uma prática ilegal, de acordo com o Código de Defesa do Consumidor (CDC). A alternativa legal, então, é fazer o arredondamento: o que, muitas vezes, leva a um prejuízo no caixa.

— Todos os dias, o caixa fecha faltando alguma quantia. São vários arredondamentos ao longo do dia que, somados, viram bastante coisa — analisa Ferreira.

A operadora de caixa de O Boticário, Thayga Regina Gomes, de 29 anos, percebe que geralmente a falta de moedas para troco é maior no fim do mês. Para driblar o problema, ela leva moedas de casa e troca notas com ambulantes.

A operadora de caixa de uma loja de cama, mesa e banho, Tânia Santos, de 47 anos, também reclama da baixa circulação das moedas. Principalmente, as de um real, além de cinco e dez centavos.

— Eu odeio cofrinho por causa disso! — brinca: — Tinha que ter outra maneira de guardar. A solução é ir ao banco para trocar, porque a moeda não chega por meio dos clientes.

A diarista Maria Aparecida Santos, de 49 anos, é um exemplo de quem não abre mão do porquinho. Em um cenário de crise, é como ela consegue poupar:

— Junto moedas o ano inteiro para comprar os presentes de Natal. Dá uma graninha boa!

Em uma lanchonte do Saara, no Centro do Rio, há no caixa uma placa: “Facilite o troco”. Entretanto, a gerente Thais Marins, de 25 anos, revela que o pedido não é suficiente:

— A gente troca dinheiro em banco, mas só em grandes quantidades: de R$ 500 a mil reais por moedas de R$ 0,50 e um real. Os outros valores trocamos com os meninos que vendem balas na Central do Brasil.

Não somente as moedas que estão sumidas do mercado. Notas de valor baixo, de R$ 2 e R$ 5, também estão em falta, segundo Luã de Souza Faria, de 31 anos, gerente de uma loja de descartáveis. Além de trocar dinheiro com uma igreja pelo menos uma vez por mês, o estabelecimento adota a política de desconto para os clientes que pagarem em moedas.

— Temos seis lojas com, pelo menos, quatro caixas em cada uma. Todos os dias, ficamos sem troco. Se não fosse pela ajuda da igreja, ficaria ainda mais difícil — conclui o gerente.

Fonte: Jornal Extra