Você já ouviu falar dos botocudos? Sabia que em Minas Gerais negros e indígenas formaram alianças fundamentais para os mineiros? Quando a gente fala do nosso estado sempre vem à mente a boa comida, a simpatia do povo mineiro e a paisagem inconfundível das Minas Gerais. Mas a verdade é que nestes três centenários que marcam nossa construção, há muitas histórias que foram silenciadas e esquecidas, mas que foram e são fundamentais para o nosso povo.

É justamente para trazer à tona essa memória apagada que a Escola de Samba Cidade Jardim, propôs para o seu enredo de 2020 o tema: A história que a história não contou. “A gente quis pegar exatamente elementos que mostram a riqueza do nosso estado através de personagens e atores que tem uma representatividade muito grande em Minas Gerais e que quase não são falados”, explica o diretor da Escola Cidade Jardim, Xandão.

Crimes das mineradoras também serão lembrados

Logo em seus primeiros versos, o enredo traz a denúncia dos dois crimes ambientais cometidos por mineradoras em Minas Gerais. O de 2015 na bacia do Rio Doce, causado pela Vale, BHP Billiton e Samarco, e o de 2019 na Bacia do Paraopeba, causado pela Vale. “Respeite o solo / Que o poder e a ganância / Braços da ignorância / Vão destruir”.

Para Evandro Mello, um dos compositores da letra, é impossível retratar a história de Minas Gerais sem evidenciar a destruição ao nosso patrimônio primeiro, que é o solo. “Se abrirmos mão e não lutar juntos, as mineradoras vão acabar com tudo. Então precisamos denunciar. E o samba é uma arma que a gente tem nas mãos. É uma ferramenta que o povo tem para falar quando não está sendo ouvido. O recado está sendo dado!” ressalta.

Seis décadas de resistência

Em seus quase 60 anos de resistência, a Escola de Samba Cidade Jardim é uma das mais tradicionais de Minas Gerais. Além de abrigar os ensaios, na sede da escola também são oferecidas oficinas para crianças e adolescentes do Morro das Pedras.

Recentemente a Cidade Jardim ajudou a fundar a Liga das Escolas, instituição responsável para organizar e tentar garantir mais direitos para os grêmios em toda a Minas Gerais. “O carnaval de passarela chegou perto da extinção nesses últimos anos, mas com a luta das escolas e dos blocos caricatos nós estamos resistindo”, avalia Xandão.

E pra quem já está na contagem regressiva para o carnaval 2020, fica o gostinho do que vai para as ruas:

SAMBA OFICIAL CIDADE JARDIM 2020: 300 Anos Da História Que A História Não Contou