Além da parceria com o Comitê ParalÃmpico das Américas (APC, sigla em inglês) para capacitar profissionais que trabalhem com paradesporto, o Comitê ParalÃmpico Brasileiro (CPB) firmou acordo com a Nippon Sport Science University (NSSU), de Tóquio (Japão), que realiza um programa de qualificação para técnicos e atletas de paÃses com pouca ou nenhuma experiência em ParalimpÃada. As sessões virtuais de capacitação iniciaram há três semanas, com participação dos professores de atletismo Rosicler Ravache e Eduardo Leonel, ligados à área da Educação do CPB.
“O Brasil é um paÃs desenvolvido no paradesporto, realizou os Jogos [ParalÃmpicos] em 2016 e tem promovido cursos de educação paralÃmpica. Então, tem profissionais experientes em ministrar aulas e com conhecimento da realidade dos paÃses americanos. Para nós, acabou sendo perfeito”, explica Sharly Natsu Yazaki, pesquisadora brasileira, há seis anos e meio no Japão, que faz parte da NSSU há quatro.
“As sessões são elaboradas conforme a necessidade dos participantes, o que eles gostariam de aprender, mas também para que venham da melhor maneira possÃvel para os Jogos de Tóquio [em 2021]. São sessões diferentes. Com os paÃses africanos, [a sessão é sobre] periodização, planificação de treinos, como chegar bem nos Jogos e estar bem nas competições até lá. Para os das Américas, a gente tem falado de classificação funcional [categorização dos atletas de acordo com o grau de deficiência] e o tipo de treinamento”, completa.
O programa se chama NSSU Expansion of Para sports Participants (expansão de participantes no paradesporto, em inglês) e integra um projeto do governo japonês chamado Sports for Tomorrow (esportes para o amanhã), idealizado em 2013, após a escolha de Tóquio como sede dos Jogos OlÃmpicos e ParalÃmpicos. Esse projeto visa levar esportes a mais de 10 milhões de pessoas, de cerca de 100 paÃses, até 2020, levando em conta três pilares: academia, antidoping e o relacionamento entre diferentes nações.
“A OlimpÃada é um evento consagrado. A ParalimpÃada está crescendo. Então, o Japão quer ter o máximo de participantes em Tóquio. Eles [governo] vieram até nós para darmos esse suporte aos comitês paralÃmpicos nacionais e desenvolver atletas e técnicos, principalmente de paÃses em desenvolvimento. Conversamos sobre como poderÃamos fazer e concordamos que talvez pudéssemos fazer”, conta Masamitsu Ito, professor-doutor e diretor da NSSU.
“Começamos pelo desenvolvimento dos treinadores. Nossa universidade é esportiva, temos experiência em desenvolver técnicos e atletas de alto rendimento. Então, temos de usar essa experiência para auxiliar os paÃses a elevarem seu nÃvel de treinamento. Se desenvolvermos somente os atletas, quando eles pararem, tudo para. Se capacitarmos com sucesso os técnicos, é uma maneira mais sustentável”, completa.
Segundo Ito, um quarto das medalhas olÃmpicas japonesas foram obtidas por alunos (ou ex-alunos) da NSSU. Por sua vez, na ParalimpÃada Rio 2016, o bronze de Sae Shiguemoto nos 400m da classe T47 (amputados de braço) do atletismo e a prata de Mai Tanaka, piloto-guia da ciclista paralÃmpica Yurie Kanuma na classe B (deficientes visuais), foram as primeiras conquistas de atletas da instituição no maior evento paradesportivo do planeta.
“Antes de 2013, claro que conhecÃamos o paradesporto e sabÃamos como trabalhar com os atletas, mas não tÃnhamos vivenciado tanto. A partir dali, a universidade recebeu mais atletas paralÃmpicos. Essa foi uma grande mudança, provocada pela oportunidade de recebermos os Jogos. A NSSU fez acordo com uma fundação que oferece bolsa a paradesportistas que estudem em nossa instituição e tenham potencial de chegar ao nÃvel mundial. O acordo iniciou em 2017 e visa formar em torno de 50 atletas até os Jogos de Tóquio”, conta o diretor.
O Japão é um dos 20 paÃses com mais medalhas paralÃmpicas na história (362 no total, sendo 106 douradas). Ito, porém, avalia que buscar parcerias com outras nações de tradição no paradesporto, como o Brasil, agrega ao programa de capacitação e ao movimento como um todo.
“O Brasil foi a casa da última ParalimpÃada e vocês realizaram um evento fantástico há quatro anos. Temos que conectar as pessoas e levar a mensagem de uma cidade a outra, como também estamos nos conectando a Paris [França, sede dos Jogos de 2024]. Não devemos deixar a chama ser apagada. Se pudermos trabalhar juntos, faremos um trabalho maior e melhor. As cidades-sede colaborando para apoiar a ParalimpÃada é uma grande mensagem que podemos passar. De não sermos apenas sede, mas ajudarmos a promover o esporte enquanto ferramenta de inclusão”, conclui.
Fonte: Agência Brasil