Por Cris Oliveira
A nostalgia que Rollemberg e Arruda fingem que ninguém lembra
No embalo da nostalgia, Rollemberg e Arruda também tentam reescrever o próprio passado quando o assunto é saúde pública e apostam que o eleitor esqueceu. Rollemberg, que deixou filas recordes, unidades fechadas e o caos em muitas esferas da saúde, tenta posar de gestor equilibrado. Já Arruda, cujo governo acumulou escândalos, contratos suspeitos e prejuízos milionários nas UPAs, reaparece como se nada disso tivesse acontecido. O problema é que a memória do povo não é tão curta quanto as narrativas que eles tentam empurrar. Saúde pública, no DF, virou a prova viva de que nostalgia política não cura desastre administrativo.
Por isso, a nostalgia dos bons de memória hoje está com total glamour aqui nas Quentes. Vamos relembrar um pouquinho?
Quando o joelho do povo saiu mais caro que joia rara
A gestão do PT na saúde deixou uma herança que o DF tenta superar até hoje. Em meio ao caos nas filas e ao sucateamento dos hospitais, vieram as compras obscuras: próteses de joelho adquiridas por valores que chegavam a R$ 18 mil por unidade, sem clareza sobre quem recebeu, por que recebeu e onde o material foi parar. Uma conta bilionária, jamais explicada, que simboliza uma era marcada por improviso, contratos duvidosos e descaso com o dinheiro público e que agora reaparece embalada pela nostalgia seletiva de quem tenta reescrever o passado.
A capital dos joelhos destruídos cortesia do governo do PT
Pelo volume absurdo de próteses comprado no governo do PT, o DF ganhou, sem querer, o título de capital dos joelhos destruídos. Para justificar aquela montanha de material, seria preciso que uma cidade inteira precisasse operar ao mesmo tempo algo muito além da demanda real de cerca de 2 mil cirurgias por ano. No fim, sobrou prótese, faltou transparência e o desperdício falou mais alto.
A herança que ninguém quer carregar
Somando os principais escândalos, a saúde pública do DF saiu da década passada com um rombo superior a R$ 2,2 bilhões, segundo o MPDFT, mais R$ 70 milhões apenas no esquema das próteses superfaturadas. O resultado foi uma rede exausta, sem investimentos estruturantes e com profissionais sobrecarregados. Essa herança tóxica segue pesando nos ombros de quem administra e nos bolsos de quem depende do sistema. Não é à toa que certas chorumelas tentam minimizar o estrago — mas números não mentem.
A nostalgia seletiva que tenta lavar biografias
Já que nos bastidores petistas a nostalgia virou estratégia política, que tal relembrar a Panatenaico, a obra bilionária que consumiu mais de R$ 1,7 bilhão e virou símbolo de desperdício e irregularidades? Antigos aliados tentam vender uma versão romantizada de governos marcados por escândalos, abusos e prejuízos milionários. É a tentativa de recontar a própria história com tintas suaves enquanto a população lembra dos cortes, das filas, dos contratos suspeitos e das promessas nunca cumpridas. Essa onda de saudosismo fabricado é menos memória e mais marketing.
Falas que não convencem nem os mais distraídos
Em discursos ensaiados, figuras antigas do poder tentam reduzir escândalos a “perseguição” ou “injustiça”, apostando que a população esqueceu o rastro de destruição administrativa que deixaram. Mas as falas não resistem aos fatos: prejuízos bilionários, obras abandonadas, contratos ruinosos e serviços essenciais desmontados. O que agora tentam suavizar com lágrimas públicas, antes foi imposto com arrogância e descontrole. E o eleitor do DF sabe distinguir narrativa de realidade.
Hermeto escorrega ao falar do Entorno
O deputado Hermeto tentou usar o Entorno de Goiás como argumento duro na discussão sobre saúde, mas acabou produzindo ruído desnecessário. A fala, mal construída, soou como se a região fosse responsável por pressionar o sistema do DF — interpretação que gerou desgaste imediato. O episódio evidenciou como declarações mal calibradas podem custar caro no cenário político.
Quem Fez o HCB? O debate que Rollemberg reacendeu
Rollemberg voltou a reivindicar a paternidade do Hospital da Criança, mas a cronologia desmente o discurso sem esforço. Ao ex-governador coube apenas entregar o Bloco II, em 2018. O episódio reacendeu o debate sobre narrativa e memória pública — e mostrou como certas versões tentam sobreviver no discurso político, ainda que contrariem a história oficial.
A versão que o reels conta — e a que a história não deixa esquecer
Toda vez que José Roberto Arruda grava um reels dizendo que “só ele fez pela saúde”, o pai Google entra em ação. No rastro dos escândalos, seu legado no setor volta ao centro do debate público. As apurações do período revelaram prejuízos superiores a R$ 160 milhões, contratos questionados e entidades sem capacidade técnica assumindo UPAs — um retrato de desordem administrativa que marcou aquela gestão. Agora, em sua fase de nostalgia calculada, Arruda reaparece em tom quase penitente, tentando se reposicionar sem mencionar os estragos de outrora. Mas há passados que nenhum filtro de Instagram apaga.
Fica a dica
Todos têm direito ao perdão. Mas, se a população pensar bem, perdoar é uma coisa — confiar de novo é outra bem diferente. E confiança, quando traída no serviço público, não volta com visita guiada, discurso emocionado ou selfie. Nostalgias politicamente fabricadas funcionam para alguns, mas não enganam quem lembra do estrago real.
Dirceu mira o Banco Central, mas o rombo cobra explicações
O petista José Dirceu resolveu mirar no Banco Central e defender uma CPI para investigar o caso do Banco Master, que deixou 1,6 milhão de pessoas aguardando a devolução de valores e causou um rombo entre R$ 40 e R$ 50 bilhões.
O 8 de Janeiro vira palanque permanente
O PL decidiu transformar a anistia dos condenados do 8 de Janeiro na principal bandeira de guerra no Congresso, em reação direta à prisão de Jair Bolsonaro. Em reunião com Michelle, Carlos, Jair Renan e Flávio Bolsonaro, além de Valdemar Costa Neto e parlamentares, ficou definido o plano: pressão total para aprovar o projeto na Câmara, sem discutir dosimetria.
