Os afastamentos por motivos de saúde mental no ambiente de trabalho dispararam no Brasil. Dados do Ministério Público do Trabalho (MPT) revelam que o número de licenças relacionadas a transtornos como ansiedade, depressão e síndrome de burnout aumentou 134% entre 2022 e 2024, saltando de 201 mil para 472 mil registros.

O crescimento acentuado reflete uma preocupação crescente da medicina e da indústria farmacêutica em torno do tema, especialmente diante do impacto emocional prolongado da pandemia. Segundo pesquisa da Epharma, a classe terapêutica do Sistema Nervoso Central (SNC), que já liderava o mercado farmacêutico, registrou um aumento expressivo no consumo de medicamentos voltados à saúde mental.

Crescimento no uso de antidepressivos e ansiolíticos

O estudo “Evolução do Market Share de Classes Terapêuticas” indica que a participação dos medicamentos para o SNC no mercado total subiu de 21,91% para 26,76% no período pós-pandemia — um aumento de 4,85 pontos percentuais. Substâncias como Sertralina e Escitalopram apresentaram crescimento contínuo, evidenciando a necessidade de tratamentos duradouros para controlar sintomas de ansiedade e depressão.

Para o presidente da Associação Brasileira de Operadoras de Planos de Medicamentos (PBMA), Luiz Monteiro, o cenário reforça a importância de políticas que garantam o acesso contínuo a esses medicamentos.

“É fundamental garantir o acesso e a continuidade de tratamentos para ansiedade, depressão e outras condições, como os que envolvem Sertralina e Escitalopram, cujos tratamentos não podem ser descontinuados sem acompanhamento médico”, destaca Monteiro.

Planos de medicamentos e impacto nas empresas

De acordo com a PBMA, o Programa de Benefícios em Medicamentos (PBM) tem papel essencial para assegurar a adesão ao tratamento e reduzir o impacto financeiro sobre os pacientes. Os remédios voltados ao sistema nervoso central costumam ter alto custo, o que pode comprometer o orçamento familiar.

“O funcionário de uma empresa em que o pagador institucional arca com o custo dos medicamentos prescritos pode ter um subsídio de até 100% para a compra dos fármacos, reduzindo as chances de interrupção de um tratamento cujo hiato pode causar pioras na enfermidade”, explica Monteiro.

Além do benefício ao colaborador, o sistema também favorece as empresas, que observam redução no absenteísmo e maior produtividade. “Ao atuar no acesso e controle às terapias prescritas, os Programas de Benefício em Medicamentos ainda podem ajudar a diagnosticar usos indevidos ou excessivos, prevenindo o chamado presenteísmo — quando o colaborador está fisicamente presente, mas sem condições plenas de desempenho”, completa o presidente da PBMA.

Sobre a PBMA

Criada em 2011, a Associação Brasileira de Operadoras de Planos de Medicamentos (PBMA) tem como objetivo disseminar o conhecimento sobre os programas de subsídio de medicamentos e a importância da adesão a tratamentos contínuos. A entidade reúne as três maiores empresas do segmento — ePharma, Funcional Health Tech e Vidalink — e atua na conexão entre Recursos Humanos, indústria e varejo farmacêutico, com foco na gestão integrada da saúde.

No Brasil, os planos de medicamentos podem oferecer subsídios de até 100% em medicamentos de referência, similares ou genéricos.