A Polícia Federal mobilizou uma nova etapa da Operação Sem Desconto nesta quinta-feira, 9 de outubro. O foco da ação é investigar um esquema de descontos associativos não autorizados em aposentadorias e pensões, que teria afetado beneficiários em diversos estados. No total, foram cumpridos 66 mandados de busca e apreensão nos estados de São Paulo, Sergipe, Amazonas, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, Pernambuco, Bahia e no Distrito Federal.
A operação é conduzida com apoio da Controladoria-Geral da União e foi autorizada por decisões do Supremo Tribunal Federal. Os investigadores apuram crimes como inserção de dados falsos em sistemas oficiais, formação de organização criminosa e atos de ocultação e dilapidação patrimonial.
Esquema investigado e prejuízo estimado
De acordo com as apurações, associações e entidades firmaram convênios com o INSS para aplicar descontos mensais nos benefícios de aposentados e pensionistas — muitas vezes sem a autorização expressa dos beneficiários. Os valores seriam repassados para contas dessas entidades ou por meio de empresas intermediárias. Estima-se que o esquema tenha causado prejuízos bilionários entre os anos de 2019 e 2024.
Em fases anteriores da operação, a PF já prendeu o lobista conhecido como “Careca do INSS”, apontado como um dos articuladores centrais do esquema. Ele teria intermediado repasses entre entidades investigadas e servidores do INSS ou empresas relacionadas.
Entre os alvos desta nova fase está o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi). Mandados foram cumpridos na sede da entidade, bem como nas residências de seu presidente e de alguns diretores. O nome do sindicato já havia sido citado em operações anteriores por suposta participação no esquema de descontos indevidos.
Reações e desdobramentos esperados
A entidade investigada negou ter participado de atividades ilícitas e declarou que ainda não teve acesso aos autos da investigação. Em nota, afirmou que vai comprovar a lisura de sua atuação e repudiar eventuais alegações de práticas ilegais.
Paralelamente à operação policial, as investigações serão acompanhadas pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, que pretende convocar implicados para prestar esclarecimentos.
Com essa nova fase, a expectativa é que o avanço das ações permita identificar os responsáveis diretos, recuperar recursos desviados e deter a expansão do esquema. A operação reforça o compromisso dos órgãos de controle com a defesa dos direitos dos beneficiários e com a integridade do sistema previdenciário.