No painel “Combustíveis alternativos na indústria naval”, realizado nesta quarta-feira (12) no auditório do JAQ H1, primeiro barco-escola do mundo movido a hidrogênio verde, atracado na Estação das Docas, em Belém, durante a COP30, a pauta central foi como acelerar a descarbonização da navegação com corredores verdes, escala para reduzir custos do H₂ e logística multimodal que integre produção, armazenagem e abastecimento a bordo. Mediado por Cila Schulman, CEO do JAQ Hidrogênio, o debate reuniu Alexandre Leite, diretor de Tecnologia do Itaipu Parquetec, Monica Saraiva Panik, mentora de Mobilidade a Hidrogênio da SAE Brasil, e João P. Santana, diretor de Meio Ambiente do Porto de Paranaguá.
Alexandre Leite abordou sobre a coerência climática, quando comentou que “não faz sentido falar em exportar hidrogênio verde usando navios movidos a combustíveis fósseis”. Ele ressaltou que o mercado náutico tem potencial para puxar essa virada, do lazer ao transporte marítimo, desde que haja investimento continuado, lembrando que o Itaipu Parquetec produz H₂V há mais de 12 anos e que a binacional “absorve 36 vezes mais carbono do que emite”.
Na sequência, Monica Saraiva Panik defendeu a criação de corredores verdes marítimos, com portos preparados para abastecer combustíveis de baixa emissão de carbono (H₂ e derivados, e-fuels, biocombustíveis avançados). O gargalo, disse, é a escala. “O custo segue alto porque a produção e a frota ainda são insuficientes”. Para romper o ciclo, listou projetos-âncora e lembrou que o transporte de hidrogênio é multimodal — dutos, ferrovia, rodovia e navios — e as embarcações que transportam energia limpa precisam também usá-la. Como referência internacional, citou o Porto de Roterdã e a rota para Gênova.
Pelo lado da operação, João P. Santana, diretor de Meio Ambiente do Porto de Paranaguá, defendeu que a transição energética marítima precisa ter uma estratégia multicombustível, combinando diversos combustíveis não fósseis de baixo carbono, e citou o JAQ como prova de viabilidade. “Se é possível fazer num barco deste porte, é possível escalar para navios”, afirmou. Para ele, o movimento inaugurado pelo projeto tem caráter pioneiro. “O Ernani está desbravando um território que ninguém conhece; depois a grande massa vai atrás, isso é futuro”.
Para finalizar, o anfitrião Ernani Paciornik, idealizador do JAQ Hidrogênio, destacou o caráter prático e inaugural da iniciativa. “É o início e não tem outra história. Chega de teoria. É hora de praticar. Vamos instalar uma usina menor no JAQ 2, operar e mostrar o caminho. Se conseguimos aqui, com apoio da GWM e de parceiros como o Itaipu Parquetec, por que grandes armadores não conseguiriam? O JAQ prova que a transição na navegação é viável e escalável. Vamos acelerar a descarbonização com tecnologia feita no Brasil”.
O JAQ H1 é uma embarcação-escola, com 36 metros de comprimento. Na fase inicial, apresentada na COP30, toda a hotelaria (iluminação, climatização, cozinha e auditório) está preparada para operar com H₂V. Na próxima fase, será instalado um motor bicombustível que, com 20% de hidrogênio, vai reduzir em até 80% as emissões de carbono. A terceira fase está prevista para 2027: o JAQ H2, uma embarcação de 50 metros de comprimento que dessalinizará a água do mar para gerar o próprio hidrogênio a bordo, rumo à autossuficiência.
Confira a programação de amanhã. Interessados podem se inscrever neste link https://sigevent.pro/boatshow/visitantes/?id_edicao=5800&linguagem=portugues
Quinta-feira, 13 de novembro — Hydrogen Day Experience @ COP30
8h–9h | Evento KPMG
14h–15h | Painel 1 — Ciência
Abertura: Ministro Alexandre Silveira — Minas e Energia (TBC)
Professor Julio — Diretor-Geral, RCGI-USP
Gabriel Figueiredo — Gerente de Internacionalização, IPT
14h30–15h30 | Painel 2 — Indústria
Daniel Lopes — Hytron Nea
Tatsumi Igarashi — Head de Hidrogênio, NEO Energia
15h–16h | Painel 3 — Ação Climática
Marisa Bastos — Subsecretária de Energia do Estado de São Paulo
Carina Dolabella — Assessora de Mudanças Climáticas do Estado de São Paulo
Sobre o Grupo Náutica
Com mais de 40 anos de mercado, o Grupo Náutica traz soluções em inovação, sustentabilidade, infraestrutura, eventos e comunicação na área náutica. É formado pela Revista Náutica (www.nautica.com.br), pioneira e líder no setor; o Boat Show, mais importante salão náutico da América Latina com as edições de São Paulo, Itajaí, Rio de Janeiro, Brasília, Salvador e Foz do Iguaçu; a Metalu, maior fabricante de píeres e passarelas em alumínio do mundo; a SF Marina, especialista global em docas flutuantes de concreto e quebra-mares para marinas, portos e orlas marítimas; e o JAQ Hidrogênio, com projetos inovadores focados em pesquisas e sustentabilidade. O grupo também se preocupa com as questões sociais e é detentora das ações “Só Jogue na Água o que Peixe pode Comer”, assinada pelo cartunista Ziraldo, e “Por Uma Cidade Navegável”, que busca a navegação em lugares inimagináveis, assim como desenvolve os principais Guias de Turismo Náutico do país.
