No Dia de Finados, a Paróquia Bom Jesus da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro, se tornou ponto de oração e acolhimento para famílias em luto — não apenas pelos entes queridos, mas também pelas 121 vítimas da Operação Contenção, realizada na última terça-feira (28) nas comunidades do Alemão e da Penha.

A operação, considerada a mais letal da história do estado, deixou 117 civis e quatro policiais mortos, além de 93 presos em flagrante. O alvo era o Comando Vermelho, facção que controla parte da região, e o objetivo era cumprir 100 mandados de prisão e 180 de busca e apreensão, dos quais apenas 20 foram efetivamente cumpridos.

A igreja, localizada a cerca de um quilômetro da Praça São Lucas — onde foram reunidos corpos retirados de uma área de mata após a ação —, recebeu fiéis em clima de comoção e medo. Moradores relatam traumas, ansiedade e insegurança, e afirmam que a rotina no bairro foi profundamente afetada pela violência.

A Operação Contenção recebeu críticas nacionais e internacionais, incluindo manifestações do Conselho de Direitos Humanos da ONU, diante de denúncias de abusos e indícios de tortura. Enquanto o governo do estado sustenta que os mortos confrontaram os agentes, familiares alegam que muitos tentaram se render.

Entre o crime organizado e as operações policiais, os moradores da Penha vivem encurralados, buscando apenas o direito à paz e à segurança.