Quando se fala em cães de serviço para pessoas com deficiência, o primeiro nome que surge é o do cão-guia. Conhecido mundialmente desde o pós-guerra, ele é apenas uma das modalidades do que se entende como cão de assistência. No Brasil, um país que abriga cerca de 60 milhões de cães, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), existem apenas 200 cães-guia em serviço para atender aproximadamente 7 milhões de deficientes visuais, de acordo com dados do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
A escassez evidencia a necessidade de ampliar a mobilidade e a inclusão de pessoas com deficiência, tornando o transporte aéreo seguro e regulamentado desses animais cada vez mais essencial. Segundo Juliana Stephani, CEO da PETFriendly Turismo, empresa especializada em organizar e planejar viagens aéreas para pets, o cão de assistência é treinado para atender necessidades específicas, conforme define a Lei Brasileira de Inclusão, que considera deficiência qualquer impedimento físico, mental, intelectual ou sensorial que limite a participação plena e efetiva do indivíduo na sociedade.
Entre as funções mais conhecidas, os cães-guia garantem independência a deficientes visuais, ajudando na locomoção e orientando sobre obstáculos como escadas, desníveis no piso e galhos de árvore. Para exercer essa função, o animal deve reunir inteligência, temperamento equilibrado e força física. As raças mais utilizadas são o Labrador Retriever, o Golden Retriever e o Pastor Alemão.
Outra categoria que vem ganhando espaço é a dos cães de apoio emocional, selecionados, socializados e treinados para oferecer suporte a pessoas com deficiências psicológicas ou psiquiátricas. Eles ajudam indivíduos que enfrentam transtornos e condições que afetam a vida diária, incluindo aqueles no espectro do autismo. Nesse caso, o animal atua como suporte para lidar com crises e melhorar a interação social.
Também se destacam os cães de mobilidade, indispensáveis para pessoas com limitações físicas, como cadeirantes. O treinamento permite que eles executem tarefas como buscar objetos, acender e apagar luzes, abrir gavetas e até auxiliar o tutor a se vestir, ampliando a autonomia no dia a dia. Já os cães-ouvintes exercem papel semelhante ao do cão-guia, mas voltado para deficientes auditivos. Eles sinalizam sons importantes, como campainhas, toques de telefone, alarmes de incêndio e fornos. Entre as raças comuns estão Labrador Retriever, Golden Retriever, Cocker Spaniel, Poodle Miniatura e Cavalier King Charles, mas cães sem raça definida também podem ser treinados.
Com diferentes funções e perfis de treinamento, os cães de serviço reforçam o valor da inclusão e da independência de pessoas com deficiência. Em um cenário nacional de escassez, onde o número de animais treinados ainda é insuficiente para a demanda, o transporte aéreo acessível e seguro se torna peça-chave para garantir que esses parceiros cheguem aonde são mais necessários, fortalecendo políticas de mobilidade e inclusão social no Brasil.