O recente impasse entre o Rei Charles III e o príncipe William — envolvendo a imposição de regras rígidas de sucessão e segurança ao príncipe George — escancara um conflito que vai muito além dos palácios: o tensionamento entre pais e filhos quando o assunto é continuidade, autoridade e legado.
Para Mariana Andrião, advogada especialista em Direito Empresarial, consultora de Family Office na Evoinc, a disputa simboliza o desafio recorrente de equilibrar tradição e autonomia entre gerações. “O fundador tende a valorizar estabilidade e controle, enquanto o sucessor busca espaço para inovar e adaptar o legado à realidade atual. Sem diálogo e governança, essa tensão vira disputa”, afirma.
A especialista destaca que processos sucessórios excessivamente centralizados não só minam a motivação e o preparo da nova geração como também fragilizam juridicamente estruturas como holdings, protocolos familiares e acordos societários. “A mão que aperta demais não passa o bastão. Manter controle absoluto até o fim pode parecer proteção, mas muitas vezes resulta em insegurança, ineficiência e descontinuidade patrimonial”, alerta.
Com o Dia dos Pais se aproximando, Mariana observa que a data pode inspirar reflexões sobre futuro e continuidade. “O planejamento sucessório deve começar cedo, de forma tranquila e estruturada. Assim, evita-se que decisões importantes precisem ser tomadas em momentos de fragilidade”, orienta.
Para ela, a transição de autoridade deve ser planejada como um processo gradual, com participação efetiva dos sucessores em decisões estratégicas e acesso a formação técnica. Ferramentas como conselhos de família, protocolos de governança e até doações com reserva de usufruto permitem conciliar a preservação do legado com a autonomia da nova geração.
“Quando há regras claras, diálogo e compromisso com o que foi pactuado, o risco de disputas é reduzido. O planejamento sucessório moderno não exige romper com a tradição, mas construir pontes entre o que deve ser preservado e o que precisa evoluir”, conclui.
Fonte: Mariana Andrião, advogada especialista em Direito Empresarial, cursa MBA em Agronegócio, é consultora de Family Office na Evoinc.