A crise política em Brasília ganhou mais um capítulo tenso na madrugada desta quarta-feira (6). Parlamentares da oposição, especialmente do PL, decidiram ocupar os plenários da Câmara e do Senado em protesto contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro. O gesto, que os bolsonaristas classificam como “ato de resistência democrática”, foi interpretado pela base governista como tentativa de obstrução ilegal dos trabalhos legislativos.

Durante toda a noite, deputados e senadores da oposição permaneceram nos plenários com colchões, bandeiras e transmissões ao vivo nas redes sociais. O protesto teve forte apelo simbólico e foi usado para mobilizar a base bolsonarista fora do Congresso.

A base do governo reagiu com firmeza. Para líderes governistas, a estratégia da oposição remete ao 8 de janeiro e representa uma tentativa de esvaziar o poder institucional do Parlamento. “Não se pode tolerar o uso do espaço democrático para intimidar as instituições. Isso é teatro político com viés autoritário”, avaliou um articulador do Planalto.

Após intensa negociação, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), reabriu a sessão às 22h30, apesar do ambiente tenso. “A Câmara dos Deputados é espaço do debate, mas não da intimidação. Vamos retomar os trabalhos com serenidade, respeitando o regimento e o mandato de cada parlamentar”, declarou Motta.

A oposição, por sua vez, diz que continuará mobilizada. “Estamos aqui para denunciar o arbítrio. O ex-presidente Bolsonaro está sendo vítima de perseguição política. O Congresso não pode assistir calado à destruição das liberdades”, afirmou um deputado do PL.

O protesto reacendeu o clima de polarização, num momento em que o governo tenta avançar em votações importantes no Congresso e fortalecer sua base política para o segundo semestre.