Bonecos hiper-realistas feitos de silicone ou vinil, conhecidos como bebês reborns, estão se tornando uma verdadeira mania no Brasil. Parecidos com recém-nascidos de verdade, esses bonecos artesanais vêm ganhando espaço em feiras, coleções e até tratamentos terapêuticos. A febre é tamanha que, no Rio de Janeiro, o dia 4 de setembro foi oficialmente instituído como o “Dia da Cegonha Reborn”.
A iniciativa busca valorizar a arte dos bonecos e o impacto emocional que eles causam, especialmente entre colecionadores, pessoas em luto ou com dificuldades emocionais, e profissionais de psicologia que utilizam os reborns em terapias.
Tendência global
O fenômeno, no entanto, não é exclusivo do Brasil. Nos Estados Unidos, a comunidade reborn movimenta uma verdadeira indústria artesanal, com bonecos custando entre 500 e 5 mil dólares. Na Europa, a Alemanha e a Espanha se destacam como polos criativos, com exposições, convenções e tutoriais que ensinam a criar bebês com veias pintadas à mão, cílios implantados fio a fio e expressões faciais realistas.
Na Argentina, a artista Cristina Iglesias ficou conhecida após confeccionar um reborn para uma avó que havia perdido o neto recém-nascido. O caso comoveu o país e gerou debates sobre os limites entre arte, saúde mental e luto.
Na Austrália, clínicas de enfermagem geriátrica passaram a utilizar bebês reborns em atividades com pacientes com Alzheimer, relatando melhora no comportamento, redução da ansiedade e maior interação dos idosos.
Entre o afeto e a polêmica
Apesar do apelo emocional, os bebês reborns também geram polêmica. Psicólogos alertam para os riscos de substituição emocional sem o devido acompanhamento, especialmente em casos de luto ou distúrbios afetivos. Ainda assim, para muitos, os bonecos representam conforto, companhia e uma forma de expressão artística profunda.
O “Dia da Cegonha Reborn”, celebrado no Rio de Janeiro, simboliza não apenas uma tendência de consumo, mas também o reconhecimento de um universo que une arte, afeto e terapia. E, ao que tudo indica, essa febre ainda está longe de acabar.