A Polícia Civil do Distrito Federal, por meio do trabalho investigativo da 18ª Delegacia de Polícia, na manhã de hoje (18), desencadeou a “Operação Coiote” e prendeu temporariamente 6 integrantes de uma organização criminosa – ORCRIM voltada à simulação de acidentes e destruição de veículos para recebimento de indenização de seguro.
As investigações apontaram que a ORCRIM, atuante desde 2015, simulou 12 acidentes automobilísticos e destruiu 25 veículos, recebendo das seguradoras o montante de R$ 2 milhões.
Os acidentes forjados ocorreram nas cidades de Brazlândia, Taguatinga, Ceilândia, Samambaia, Vicente Pires e Brasília e envolveram veículos das marcas Porsche, BMW, Audi, Volvo e Mercedes.
1. Logística
A ORCRIM operava a seguinte logística:
a) os investigados adquiriam veículos importados de certo tempo de uso e de difícil comercialização, alguns avariados;
b) os veículos eram consertados e eram contratados seguros, com valor de indenização correspondente a 100% da tabela Fipe, muito superior ao valor de aquisição e conserto dos carros;
c) os investigados promoviam a colisão proposital dos veículos, que sofriam perda total;
d) para driblar o mercado segurador e dificultar a descoberta de vínculos criminosos, os investigados revezavam-se na condição de proprietário, contratante do seguro, condutor, terceiro envolvido no acidente e recebedor da indenização, às vezes via procuração;
e) igualmente para dificultar a investigação, os investigados registravam as ocorrências dos acidentes na Delegacia Eletrônica, afastando questionamentos da polícia judiciária sobre o sinistro; e
f) por fim, operava-se o recebimento da indenização do seguro, baseada na tabela Fipe.
2. Características e divisão de tarefas
A ORCRIM era permanente, estável, hierarquizada e possuía divisão de tarefas.
À frente da ORCRIM estavam um empresário de Taguatinga e um ex-policial militar da PMDF, licenciado da corporação em razão da emissão de 150 cheques sem fundos. Cabia à dupla adquirir os veículos, registrar as ocorrências e envolver parentes e amigos nos registros dos acidentes, contratação dos seguros e recebimento das indenizações.
A dupla contava com o apoio das esposas, uma delas advogada, que cediam os dados pessoais para o registro dos acidentes forjados, adquiriam veículos, contratavam apólices de seguro e recebiam indenizações.
3. Medidas de prisão, busca, sequestro e bloqueio de valores em conta
Além da prisão temporária dos integrantes da ORCRIM, a PCDF cumpriu 6 mandados de busca em Taguatinga Norte, Vicente Pires e Ceilândia.
Os mandados de prisão e busca foram expedidos pelo Juiz Titular da Vara Criminal e Tribunal do Júri de Brazlândia, que também determinou o sequestro de 20 veículos e o bloqueio do montante de R$ 2 milhões das contas dos seis investigados.
4. Tipificação
Todos os investigados serão indiciados pelo crime de organização criminosa, que prevê pena de reclusão de 3 a 8 anos.
5. Atuação da PCDF
Essa é a quinta operação da PCDF contra fraudes no recebimento de indenização de seguro de veículos. As anteriores ocorreram nos anos de 2011 (“Operação BR Segura”, da 18ª DP de Brazlândia); 2013 (“Operação Perda Total”, da extinta DECO – hoje DECOR) e 2020 (“Operação Total Loss” e “Navio Fantasma”, ambas da DRF/CORPATRI).
6.Diminuição do risco
A cada ação da PCDF há diminuição de simulações de acidente em Brasília, o que diminui o risco das seguradoras e, consequentemente, o preço de seguro.