A Prefeitura do Rio de Janeiro firmou um contrato sem licitação no valor de R$ 699.400 com a empresa Roxy Entretenimento LTDA para sediar o jantar oficial dos ministros da Economia dos países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), nos dias 6 e 7 de julho de 2025, no sofisticado Roxy Dinner Show, em Copacabana.

A contratação direta foi autorizada por dispensa de licitação, em despacho publicado em 24 de junho, sob justificativa de que o evento integra a agenda internacional oficial da cúpula do Brics. Segundo a gestão municipal, o espaço teria sido escolhido por atender a critérios de representatividade e visibilidade internacional.

Local de alto padrão bancado com dinheiro público

O Roxy Dinner Show, reinaugurado recentemente por empresários ligados ao setor artístico e fitness, é conhecido por reunir celebridades, apresentar jantares-espetáculo com alta gastronomia e cobrar ingressos acima de R$ 500. O local ganhou projeção internacional após ser incluído pela revista Time como um dos “melhores lugares do mundo para visitar”, em março deste ano.

Além do contrato emergencial da prefeitura, o espaço já havia sido contemplado, em outubro de 2024, com R$ 5 milhões em patrocínio cultural da Caixa Econômica Federal, o que eleva os investimentos públicos na casa para R$ 5,7 milhões em menos de um ano.

Sem concorrência e com críticas

A ausência de licitação acendeu alertas entre especialistas em gestão pública. O valor do contrato, combinado com o perfil elitizado do evento, reforça os questionamentos sobre critérios de economicidade e transparência em tempos de ajuste fiscal.

Procurada por diferentes veículos de imprensa, a Prefeitura do Rio ainda não se manifestou oficialmente sobre os critérios da escolha. Já a empresa Roxy Entretenimento afirmou, em nota, que não divulga valores contratados por clientes.

Repercussão política e institucional

O caso ocorre num momento em que o Brasil busca ampliar sua visibilidade como anfitrião de fóruns internacionais, como a cúpula do G20, também programada para o Rio. No entanto, o contraste entre os gastos vultosos em eventos diplomáticos e os desafios da população em áreas como saúde, educação e mobilidade reacende o debate sobre prioridades na gestão pública.

A Controladoria Geral do Município e o Ministério Público do Estado ainda não se pronunciaram sobre o contrato, mas o tema deve ser alvo de análise por órgãos de controle nas próximas semanas.